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'Intervenção externa' na Venezuela pode 'incendiar' a América do Sul, diz Celso Amorim

"Não podemos aceitar uma intervenção externa porque isso vai criar um ressentimento imenso", disse Amorim. Uma intervenção "pode incendiar a América do Sul" e levar à "radicalização da política em todo o continente", acrescentou o assessor, sem citar os Estados Unidos.

Segundo Amorim, um dos elementos do caos no continente causado por uma eventual ação militar dos EUA contra a Venezuela seria, por exemplo, "problemas concretos de refugiados" no Brasil e na Colômbia.

Desde agosto, o governo do republicano designou cartéis de drogas sul-americanos como organizações terroristas e ordenou operações militares contra eles. Além disso, acusou o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, de chefiar o Cartel de Los Soles e dobraram a recompensa pela captura dele para US$ 50 milhões (cerca de R$ 269 milhões).

Como parte da pressão contra o regime Maduro, o governo Trump também mobilizou uma grande presença militar no mar do Caribe, que envolve navios de guerra, jatos, helicópteros de operações especiais e aviões bombardeiros.

Imagem mostra o presidente dos EUA, Donald Trump (E), em Washington, DC, em 9 de julho de 2025, e o presidente venezuelano, Nicolás Maduro (D), em Caracas, em 31 de julho de 2024. — Foto: AFP/Jim Watson

Amorim também disse à AFP que Lula evitará “dar lições” a Trump sobre o assunto, caso um encontro entre os dois líderes ocorra neste fim de semana na Malásia. Lula disse nesta sexta não acreditar que os ataques a barcos feitos pelo governo Trump sejam justificativa para combater o narcotráfico e acrescentou que "se o mundo virar uma terra sem lei, vai ficar muito difícil". Segundo o presidente brasileiro, falas do americano sobre a Venezuela demonstram uma "falta de compreensão" de política internacional.

Maduro: 'No crazy war, please'

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, durante evento em 12 de outubro de 2025 — Foto: Frederico Parra/AFP

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, disse na quinta-feira (23) que a "Venezuela quer paz" e pediu, em inglês, que não haja uma "guerra maluca" na região, frente as ações militares dos EUA.

"Não à guerra", disse Maduro durante uma assembleia com sindicatos associados ao chavismo ao enviar uma mensagem aos trabalhadores dos Estados Unidos. "'Yes peace, yes peace, forever, peace forever. No crazy war!' Não à guerra louca! 'No crazy war!'"

Em agosto, Washington enviou contratorpedeiros, um submarino e barcos com efetivos das forças especiais para águas internacionais no Caribe.

Em 2 de setembro, a flotilha realizou o primeiro dos nove ataques contra embarcações e submersíveis na região da América do Sul — dois deles no Pacífico, nos quais matou pelo menos 37 supostos traficantes de drogas.

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Trump cogita ações em terra

O anúncio foi feito um dia após o bombardeio de uma embarcação no Oceano Pacífico, o nono ataque do tipo ocorrido na América do Sul. Segundo o Departamento de Guerra, o barco transportava drogas. Três pessoas morreram.

Em conversa com jornalistas, Trump afirmou que não precisará pedir ao Congresso uma declaração de guerra aos cartéis e reiterou que as operações irão continuar.

Bombardeios contra barcos

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No início desta semana, ao ser questionado sobre se os EUA têm autoridade para bombardear embarcações em águas internacionais, Trump respondeu que sim. O presidente justificou as ações afirmando que 300 mil pessoas morrem nos EUA por ano por problemas relacionados às drogas.

Nas últimas semanas, as ofensivas americanas foram criticadas por analistas. Na terça-feira (21), um grupo independente de especialistas da Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou que os bombardeios violam o direito internacional e constituem execuções extrajudiciais.

O grupo, nomeado pelo Conselho de Direitos Humanos, disse que os ataques violam a soberania do país sul-americano e as "obrigações internacionais fundamentais" dos EUA de não intervir em assuntos domésticos ou ameaçar usar força armada contra outro país.

Apesar da justificativa de Trump de combater o tráfico de drogas, os especialistas apontam que "mesmo que tais alegações fossem comprovadas, o uso de força letal em águas internacionais sem base legal adequada viola o direito internacional do mar e equivale a execuções extrajudiciais".

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