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VÍDEO: veja anúncio contra tarifas que enfureceu Trump e o fez cortar negociação com Canadá

A propaganda do governo de Ontário mostra um trecho do discurso que Reagan fez em 1987, quando era presidente dos EUA, para criticar o atual tarifaço de Trump.

Publicação do presidente dos EUA Donald Trump na rede social Truth Social — Foto: Reprodução/Redes Sociais

Nesta sexta feira, o assessor da Casa Branca Kevin Hassett disse à Reuters que o presidente Donald Trump está frustrado com o Canadá, e as negociações comerciais entre os dois países não têm ido bem.

“Elas não têm ido bem. Acho que o presidente está muito frustrado. Ele quer um ótimo acordo com o Canadá, assim como quer um ótimo acordo com o México.”

A Fundação e Instituto Presidencial Ronald Reagan também se pronunciou com uma publicação na plataforma X, dizendo que o anúncio criado pelo governo de Ontário “deturpa o ‘Discurso Presidencial à Nação sobre Comércio Livre e Justo’, de 25 de abril de 1987”. A fundação acrescentou que Ontário não recebeu permissão “para usar e editar as declarações”.

A organização afirmou ainda que está “avaliando opções legais sobre o caso” e convidou o público a assistir ao vídeo não editado do discurso de Reagan.

O pronunciamento de Ronald Reagan, feito em abril de 1987, marcou um dos momentos mais tensos das relações comerciais entre Estados Unidos e Japão. À época, o governo americano havia imposto tarifas de 100% sobre produtos eletrônicos japoneses, em resposta ao descumprimento de um acordo bilateral sobre semicondutores.

O discurso, transmitido em rede nacional de rádio, buscava justificar a medida sem romper com o ideal de livre comércio defendido por Reagan.

Veja abaixo o discurso completo de Reagan:

"Meus compatriotas americanos, o primeiro-ministro Nakasone, do Japão, me visitará aqui na Casa Branca na próxima semana.

É uma visita importante porque, embora eu espere tratar de nossas relações com nosso bom amigo, o Japão — que, no geral, continuam excelentes — as recentes divergências entre nossos dois países na questão do comércio também estarão no topo da nossa agenda.

Como talvez tenham ouvido, na semana passada impus novas tarifas sobre alguns produtos japoneses, em resposta à incapacidade do Japão de fazer cumprir seu acordo comercial conosco sobre dispositivos eletrônicos chamados semicondutores.

Agora, impor tarifas, barreiras comerciais ou restrições de qualquer tipo são medidas que eu reluto em tomar — e, em um momento, mencionarei as razões econômicas sólidas para isso: a longo prazo, tais barreiras prejudicam todos os trabalhadores e consumidores americanos.

Mas os semicondutores japoneses foram um caso especial.

Tínhamos provas claras de que empresas japonesas estavam praticando ações comerciais injustas que violavam um acordo entre o Japão e os Estados Unidos.

Esperamos que nossos parceiros comerciais cumpram seus compromissos. Como costumo dizer, nosso compromisso com o livre comércio é também um compromisso com o comércio justo.

Mas, ao impor essas tarifas, estávamos apenas tentando lidar com um problema específico — não iniciar uma guerra comercial.

Assim, na próxima semana, darei ao primeiro-ministro Nakasone a mesma mensagem: queremos continuar trabalhando de forma cooperativa nos problemas comerciais e desejamos muito suspender essas restrições assim que as evidências permitirem.

Queremos fazer isso porque sentimos que tanto o Japão quanto os Estados Unidos têm a obrigação de promover a prosperidade e o desenvolvimento econômico que só o livre comércio pode trazer.

Essa mensagem de livre comércio foi a mesma que transmiti aos líderes do Canadá algumas semanas atrás, e foi calorosamente recebida.

De fato, em todo o mundo há uma crescente percepção de que o caminho para a prosperidade de todas as nações é rejeitar o protecionismo e promover uma concorrência justa e livre.

Existem razões históricas sólidas para isso.

Para aqueles de nós que viveram a Grande Depressão, a lembrança do sofrimento que ela causou é profunda e marcante.

E hoje, muitos economistas e historiadores argumentam que a legislação de tarifas elevadas aprovada naquela época — chamada Smoot-Hawley Tariff — agravou enormemente a Depressão e impediu a recuperação econômica.

Veja bem: à primeira vista, quando alguém diz “vamos impor tarifas sobre importações estrangeiras”, parece que está fazendo algo patriótico ao proteger produtos e empregos americanos.

E, às vezes, por um curto período, isso funciona. Mas apenas por pouco tempo.

O que acaba acontecendo é o seguinte: as indústrias nacionais começam a depender da proteção do governo na forma de tarifas altas, deixam de competir e deixam de fazer as inovações gerenciais e tecnológicas de que precisam para ter sucesso nos mercados globais.

E, enquanto tudo isso acontece, algo ainda pior ocorre: tarifas elevadas inevitavelmente levam à retaliação de outros países e ao desencadeamento de guerras comerciais ferozes.

O resultado é: mais e mais tarifas, barreiras cada vez maiores e menos competição.

Em pouco tempo, devido aos preços artificialmente altos criados pelas tarifas e à ineficiência e má gestão subsidiadas, as pessoas param de comprar.

Então o pior acontece: os mercados encolhem e colapsam, empresas e indústrias fecham, e milhões de pessoas perdem seus empregos.

A lembrança de tudo isso, ocorrido nos anos 1930, me fez determinado, quando cheguei a Washington, a poupar o povo americano das políticas protecionistas que destroem a prosperidade.

Agora, nem sempre tem sido fácil.

Há aqueles no Congresso, assim como havia nos anos 1930, que buscam ganhos políticos rápidos — que arriscam a prosperidade americana em troca de um apelo de curto prazo a algum grupo de interesse, esquecendo que mais de cinco milhões de empregos americanos estão diretamente ligados às exportações e milhões adicionais dependem das importações.

Bem, eu nunca esqueci esses empregos, e, em questões comerciais, de modo geral, temos nos saído bem.

Em certos casos específicos, como o dos semicondutores japoneses, tomamos medidas para impedir práticas injustas contra produtos americanos.

Mas ainda assim mantivemos nosso compromisso fundamental e de longo prazo com o livre comércio e o crescimento econômico.

Portanto, com minha reunião com o primeiro-ministro Nakasone e a Cúpula Econômica de Veneza se aproximando, é extremamente importante não restringir as opções do presidente nessas negociações comerciais com governos estrangeiros.

Infelizmente, alguns no Congresso estão tentando fazer exatamente isso.

Manterei vocês informados sobre essa legislação perigosa, porque é apenas outra forma de protecionismo — e talvez eu precise da sua ajuda para detê-la.

Lembrem-se: os empregos e o crescimento da América estão em jogo.

Até a próxima semana, obrigado por ouvirem, e que Deus abençoe vocês."

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