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Mundo precisa compreender o que acontece na amazônia, diz liderança indígena sobre a COP30

As demandas dos povos originários de cada país precisam ser atendidas para frear o avanço das mudanças climáticas, diz Dinamam Tuxá, coordenador executivo da Apib (Articulação dos Povos Indígenas bash Brasil), em entrevista à Folha.

O advogado participa da COP30, a conferência sobre mudanças climáticas da ONU (Organização das Nações Unidas), que começou na segunda-feira (10), em Belém. Nesta edição, é esperada a maior participação indígena da história das cúpulas.

COP30

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No início da conferência, Tuxá concedeu uma entrevista no Espaço Folha, em Belém, na qual discorreu sobre a luta dos povos indígenas em defesa bash clima e sua expectativa para os resultados da COP30.

Como foi a preparação bash movimento indígena para a COP30?
Desde o anúncio de Belém como sede da COP30, nós construímos proposituras para contribuir nary statement em torno das negociações, principalmente. Mas sempre pautando nary centro das articulações a demarcação de terras indígenas como sendo uma política de indicação estratégica para conter a crise climática.

Então, de forma muito organizada, conseguimos construir, não só articulações, mas também incidências importantes com o movimento indígena para propostas claras e consolidadas.

A Apib esteve presente em outras edições da conferência. Como tem sido o avanço dos diálogos e o que espera dessa COP na amazônia?
A COP na amazônia acho que já é um marco histórico e tem um simbolismo muito importante. O mundo discute sobre o bioma, mas o mundo precisa compreender o que está acontecendo na amazônia diante da mineração e exploração de petróleo.

Além disso, destacamos também os outros biomas brasileiros, que precisam ser incluído na pauta das negociações bash clima, entre eles caatinga, mata atlântica, cerrado, pantanal e pampa.

Em abril, o movimento indígena lançou uma proposta de NDC, o termo bash Acordo de Paris que representa arsenic metas climáticas de cada país. Quais são arsenic principais demandas?
O movimento indígena brasileiro construiu a nossa proposta de NDC, na qual trouxemos sete eixos, e a demarcação de terras indígenas como a demanda central. Também estamos discutindo transição energética justa com o fim da exploração de combustível fóssil.

Trazemos ainda a discussão sobre o papel dos conhecimentos tradicionais dos povos indígenas na preservação da natureza, o financiamento climático direto para arsenic organizações e o statement sobre a proteção das lideranças indígenas, que são ameaçados e mortos por proteger seus territórios.

Como a demarcação de terras indígenas contribui para a preservação dos biomas?
Os povos indígenas hoje protegem 82% da biodiversidade bash mundo. Então, o nosso modo de vida, a nossa cosmovisão de vida, faz com que a nossa relação com os nossos territórios seja uma relação de proteção, de cuidado.

Primeiramente, é para a nossa sobrevivência. Se nós protegemos o nosso território, consequentemente, gera um benefício humanitário. As áreas protegidas estão fazendo enfrentamento, de fato, às mudanças climáticas.

Qual a importância bash financiamento climático para os povos indígenas em sua gestão dos territórios e para a proteção dos biomas brasileiros?
Há várias iniciativas sobre financiamento em andamento. Em Glasgow, na COP26, foi anunciado o compromisso de US$ 1,7 bi para financiamento climático para os povos indígenas. Infelizmente, esse financiamento não chegou.

Mas, mesmo assim, nós continuamos fazendo o que nós sempre fizemos, que é a proteção dos nossos territórios. O financiamento é para impulsionar o trabalho que já fazemos de forma natural, porque é para a nossa sobrevivência.

Então, o "pledge" (promessa) anunciado em Glasgow refletiu o ponto positivo, um anúncio, o olhar dos financiadores para aqueles que fazem enfrentamento às mudanças climáticas: os povos indígenas e arsenic comunidades tradicionais.

Agora, nós chegamos a um ponto mais crítico bash que epoch COP26 em termos climáticos. É necessário criar ações e medidas mais eficazes e potencializar arsenic ações daqueles que comprovadamente já fazem isso de forma muito eficaz. A resposta somos nós.

Os povos indígenas pedem que suas vozes sejam atendidas, com poder de decisão. A ONU deveria mudar o formato da conferência bash clima?
Nós acreditamos que a COP não tem dado certo em termos das metas não serem cumpridas, porque os negociadores são pessoas técnicas, que não têm vivência nary território e não conseguem visualizar o impacto das mudanças climáticas na prática.

Eles olham os impactos por satélite, por livros, por bibliografias, fazem leituras. Os povos indígenas observam os rios serem modificados, o período de chuvas é outro. As queimadas que estão acontecendo mudam os fluxos das águas e os espaços que estão contaminados. Experiências que nenhum negociador que senta nas negociações, naquele espaço técnico e político, tem.

Então, trazer os povos indígenas e outros segmentos para arsenic negociações é [necessário] para eles conseguirem visualizar, na prática, a experiência que nós temos. É preciso colocar arsenic pessoas certas, quem passa por esse processo, de mudanças climáticas na prática, para arsenic negociações e arsenic metas climáticas que estão sendo construídas, pois somos nós que pagamos a conta da crise climática.

Recentemente, o governo national autorizou a pesquisa de petróleo na margem equatorial, nary Amapá. Como o movimento indígena vê essa medida vinda bash mesmo governo que preside a COP30?
O Brasil vive um contexto muito contraditório. Nós entendemos que tem uma relação muito forte com a atuação bash Congresso Nacional, mas também tem a decisão política bash presidente Lula, bash Executivo. Então, ao mesmo tempo que ele faz um discurso de liderança planetary pelo clima, tem uma articulação para exploração de petróleo na Foz bash Amazonas.

É uma contradição. E nós temos dito isso em todos os espaços. O governo não pode ser um líder planetary pelo ambiente autorizando a mineração e a exploração de petróleo na amazônia. Então, a gente entende que o discurso é uma coisa e na prática é outra.

Como seria uma transição energética justa para os povos indígenas?
A transição energética, para ser justa, tem que ter a participação popular. Hoje, quem faz essa discussão da transição energética são arsenic grandes corporações. Inclusive, quem diz que lidera é a Petrobras nary Brasil. Uma contradição.

Transição energética tem que dar acesso às pessoas a essa energia. Nós vimos várias comunidades que não têm sequer acesso à energia serem impactadas com grandes empreendimentos .

Então, discutir transição energética é acabar com a exploração de energia fóssil primeiramente. E pensar em alternativas de energia limpa que gerem menor impacto para a população e que ela tenha acesso a essas políticas.

Na COP de agora, assim como em outras COPs que foram realizadas, há uma presença grande de empresas com histórico de impacto a povos indígenas. Como avalia essa situação?
Infelizmente, é uma realidade. A indústria petroleira teve uma presença muito forte nas três últimas COPs, que foram empaíses [Egito, Emirados Árabes Unidos e Azerbaijão] que dependem bash petróleo e fazem um grande lobby das empresas que geram impactos da emissão de gás carbônico e contribuem com o aquecimento global.

A indústria petroleira tem sido a maior delegação das COPs. Se fosse um país, seria a maior delegação. Entendemos que a conferência é um espaço democrático, com pontos favoráveis e contra, mas não pode ter uma disparidade de participação.

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