O que apps podem ou não acessar? Veja o que seu celular sabe sobre você

As permissões são autorizações que os aplicativos solicitam ao usuário para acessar determinados recursos, funções ou dados do dispositivo. Elas existem porque muitos apps dependem desses recursos para funcionar plenamente. Um app de GPS, por exemplo, precisa da localização em tempo real para cumprir sua função.

Ao conceder uma permissão, o aplicativo passa a aproveitar apenas aquela informação específica, e não todo o conteúdo do celular. Há permissões contínuas, que permitem o uso mesmo quando o app não está aberto, e permissões restritas, válidas apenas enquanto o usuário utiliza a função. Por isso, é importante avaliar se o pedido faz sentido para o funcionamento do app ou se recusá-lo não afetará a experiência de uso.

Ao permitir que um aplicativo acesse uma função ou informação específica, você autoriza apenas as ações relacionadas àquele tipo de acesso. Os apps usam esses dados para aprimorar a experiência do usuário, personalizar recursos e direcionar determinadas ações com base na forma como o serviço é utilizado. Os desenvolvedores devem seguir regras claras e explicar ao usuário como cada permissão será utilizada.

Apesar das garantias das lojas oficiais e da proteção oferecida pela Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que determina o uso transparente das informações coletadas, nem sempre essas normas são seguidas à risca. Por isso, é recomendável liberar somente o que for realmente necessário para que o aplicativo funcione, reduzindo riscos à privacidade e à segurança..

Em casos de solicitação de acesso à câmera e ao microfone, como ocorre em apps de edição de vídeo, a permissão garante apenas o uso desses recursos dentro do que o próprio aplicativo propõe. Isso significa que o microfone ou a câmera só podem ser ativados quando o usuário decide gravar áudio ou vídeo no app, por exemplo. Essa autorização funciona durante o uso do aplicativo ou, em alguns casos, em segundo plano, como ocorre em gravadores de voz. Qualquer ativação sem indicadores visíveis ou fora desse contexto é considerada ilegal.

O acesso à câmera permite que o aplicativo use o dispositivo para tirar fotos ou gravar vídeos diretamente nele. Apps de lojas oficiais, que seguem normas de privacidade, apresentam risco menor de realizar capturas sem o conhecimento do usuário, já que isso violaria regras básicas de segurança.

Já aplicativos menos confiáveis podem usar essa permissão de forma indevida, especialmente quando o acesso solicitado não faz sentido para a função que oferecem. Por isso, conceda a câmera apenas a apps realmente confiáveis e que dependem dessa funcionalidade, como redes sociais ou gravadores de vídeo. Dessa forma, você reduz as chances de que algum software tenha acesso irrestrito ao recurso.

Aplicativos com acesso à localização podem rastrear o dispositivo usando GPS ou outros métodos próprios. A função é essencial para apps de mapas e navegação, que dependem desse rastreio para funcionar, mas pode ser um sinal de alerta quando solicitada por serviços que não precisam saber onde o usuário está.

Há duas formas de conceder acesso à localização: em tempo integral ou apenas enquanto o app está em uso. Quando o acesso é total, o aplicativo pode consultar sua posição a qualquer momento, mesmo de forma legal, o que permite a criação de um mapa detalhado da sua rotina. Esses dados podem se tornar sensíveis caso ocorra algum vazamento.

Assim como ocorre com a câmera, o acesso total e oculto ao microfone não é permitido. Se você desconfia de que o celular está “te ouvindo”, vale conferir quais aplicativos têm acesso ao recurso e avaliar se esse uso faz sentido. Apps desconhecidos ou pouco confiáveis podem abusar da permissão e capturar conversas sem consentimento.

Redes sociais costumam solicitar o microfone para gravação de mensagens de voz e vídeos, mas outros aplicativos podem não deixar claro por que precisam dessa função. Na dúvida, remova o acesso.

Em aplicativos oficiais, incluindo navegadores como Chrome e Safari, a navegação tende a ser mais segura. Eles seguem padrões de proteção, como criptografia, e reforçam o compromisso com a privacidade do usuário, embora denúncias de falhas e vazamentos possam ocorrer. Mesmo assim, o próprio app pode registrar sua atividade caso isso esteja previsto nos termos de uso.

Outros aplicativos que oferecem navegação interna, mesmo que não seja diretamente na web, também podem usar os dados coletados para publicidade ou personalização. A LGPD exige que qualquer coleta ou tratamento de informações seja comunicado de forma clara e transparente, garantindo que o usuário saiba o que está sendo monitorado.

Por isso, é recomendável optar por navegadores confiáveis, não abrir links sensíveis em navegadores embutidos em apps e revisar regularmente as permissões concedidas. Essas práticas ajudam a reduzir o risco de que seus dados sejam coletados de maneiras indesejadas.

Ao instalar um aplicativo, é importante revisar o nível de permissão concedido: tanto no Android quanto no iPhone (iOS) existem configurações centralizadas, acessíveis diretamente pelo sistema. Gerencie esses acessos mantendo a localização ativa apenas durante o uso do app e removendo qualquer permissão que não seja necessária para o funcionamento do serviço.

Ainda, ao baixar um novo aplicativo, analise com atenção os pedidos de permissão e fique atento aos “acessos especiais”, pois alguns apps solicitam alterações em configurações do sistema que, por serem sensíveis, só podem ser feitas manualmente pelo usuário, fora do aplicativo.

Outra recomendação é não subestimar aplicativos populares, incluindo redes sociais. Avaliar individualmente cada app é essencial para manter a segurança do dispositivo como um todo.