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Ovinos de Tupanciretã abrem caminho para os animais no Parque Assis Brasil

Há três anos, o criador de ovinos Arthur Valadão Ferreira do Nascimento, da Fazenda do Angico, em Tupanciretã, tentava ser o primeiro a entrar no Parque Assis Brasil com um casal da raça Texel. Faltava sempre pouco: trânsito, imprevistos de estrada, atrasos de logística.

Neste ano, ele resolveu virar o jogo. Saiu de casa às 13h de domingo (24/8), e por volta da 1h da madrugada de segunda-feira já estava estacionado diante do portão 8, esperando a abertura oficial. Quando os portões se destrancaram às 8h07min, e a entrada foi liberada às 8h09min, Arthur foi o primeiro a cruzar a cancela com seus animais.

Chegar cedo faz diferença. Os animais precisam se adaptar ao ambiente, ao barulho, às luzes. Além disso, a visibilidade conta para futuros negócios. É um investimento de tempo que retorna em genética e mercado”, resume o criador, que trouxe uma ovelha de 25 meses prenha e um carneiro de 24 meses.

A propriedade, que conta com 70 matrizes e quatro machos, já coleciona títulos — entre eles, o de “Cabanha do Ano” e a conquista de terceiro melhor macho Texel Naturalmente Colorido em edições passadas. Nascimento garante que o empreendimento vai além das premiações: “Cada acasalamento, cada reprodutor é pensado como parte de uma engenharia genética para melhorar estrutura e carne dos exemplares. O julgamento é consequência desse trabalho.

Ao longo da segunda-feira, milhares de exemplares começaram a ocupar os pavilhões. No total, a Expointer 2025 contará com 6.696 animais, sendo 5.107 de argola (destinados ao julgamento morfológico) e 1.589 rústicos (para provas, vendas e leilões). São ovinos, bovinos, aves, pássaros, equinos, bubalinos, coelhos, zebuínos e caprinos — todos concentrados no parque até 7 de setembro, quando a feira termina.

Após dois anos, aves e pássaros estão de volta à Expointer e à avaliação dos jurados, que dão o direcionamento para o aprimoramento genético | TÂNIA MEINERZ/JC

Após dois anos, aves e pássaros estão de volta à Expointer e à avaliação dos jurados, que dão o direcionamento para o aprimoramento genético TÂNIA MEINERZ/JC

Já a volta das aves e pássaros à feira — ausentes há dois anos da Expointer por causa de emergências sanitárias — é vista como um marco para o aperfeiçoamento genético do setor. Para André Machado Schmitz, presidente da Associação Brasileira de Criadores e Preservadores de Aves de Raças Puras e Ornamentais (APCA), esse retorno traz de volta a dinâmica de avaliação e comparação que ajuda os criadores a evoluir. “Sem esse ciclo de julgamento, os avanços genéticos travaram. Agora, com eles de volta, temos uma etapa essencial para elevar a qualidade”, diz.

Nesta edição, haverá 33 aves e seis pássaros no pavilhão do parque Assis Brasil. A presença dos animais movimenta não só os criadores, mas também expositores ligados à alimentação, nutrição, genética e equipamentos, que voltam a encontrar na Expointer um espaço de vitrine e de negócios.

É um segmento que projeta qualidade, mas também encanta pela diversidade. A ausência foi sentida por todos. Agora, voltamos a ter essa janela aberta para mostrar ao público urbano o quanto há de tecnologia e cuidado nesse setor”, complementa Schmitz, que há duas décadas se dedica à atividade no criatório Sidelina, no Alegrete.

A chegada dos animais não marca apenas o início simbólico da Expointer, mas também reflete uma mudança estrutural no parque. A subsecretária Beth Cirne Lima destaca que, após a enchente de 2024, o Parque Assis Brasil está mais preparado do que nunca: com novas infraestruturas — desde melhoramento de estacionamento até reformas nos pavilhões de exposição. “A chegada dos animais é o verdadeiro pontapé inicial da feira. O parque está pronto”, afirma.

Mas a Expointer não é só genética e feira de exposição. Para o secretário da Agricultura do RS, Edivilson Brum, o evento ganha peso político e econômico em um momento crítico para o setor, ainda marcado por secas e perdas de safra. Ele ressaltou a urgência da aprovação, no Senado, do projeto de renegociação das dívidas dos produtores gaúchos: “Precisamos reabilitar o agro do RS. A feira é vitrine, mas também palco de articulação política”, afirmou.

Com os primeiros animais já nos pavilhões, a Expointer 2025 se consolida como um ponto de partida para renovar genética, impulsionar o mercado — e até avançar no debate público sobre os desafios que o agro enfrenta.

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