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Perdão de Trump a 1.500 condenados por ataque ao Capitólio sinaliza o seu desprezo pelo sistema judiciário dos EUA

Mais do que encerrar o caso, ele pretende reescrever esse capítulo sombrio da História americana. Mudou os papéis dos apoiadores que, em seu nome, vandalizaram a sede do Congresso e usaram armas para atacar violentamente os policiais e os congressistas, tentando impedir a certificação do resultado eleitoral de 2020 e a transferência pacífica do poder.

A maioria dos acusados e condenados se declarou culpada pelos crimes, mas o atual presidente transformou-os em vítimas. “O que fizeram com essas pessoas é ultrajante”, justificou Trump após assinar a batelada de perdões.

Em outras palavras, o atual presidente dos EUA envia a mensagem de que o crime tem plena recompensa. E que a memória do 6 de janeiro pode ser posta em xeque, distorcida e recriada com base na sua realidade falsificada — a de que havia agentes externos da esquerda e do FBI entre os vândalos.

O ato de clemência em massa assinado pelo presidente em seu primeiro dia no cargo concede “perdão total, completa e incondicional” aos insurrecionistas e “põe fim a uma grave injustiça nacional que foi perpetrada contra o povo americano”.

Líder do primeiro grupo, Enrique Tarrio será libertado da prisão federal onde cumpre pena de 22 anos, mas não terá seus direitos civis restaurados, como ocorre no perdão presidencial. Por enquanto. Trump já antecipou que o governo vai rever esses casos para que os implicados recuperem o direito de portar armas ou votar.

Foto de 6 de janeiro de 2021, dia da invasão ao Capitólio dos EUA, mostra policiais conversando com apoiadores do então presidente americano, Donald Trump, incluindo Jacob Chansley (à direita), do lado de fora do plenário do Senado — Foto: Manuel Balce Ceneta/AP

Ficou evidente o contraste entre a alegria dos vândalos beneficiados com a canetada de Trump e a revolta dos que defenderam o Congresso naquele dia. Um policial morreu, mais de 140 ficaram feridos durante o cerco de sete horas e quatro cometeram suicídio tempos depois.

“Fui traído pelo meu país e por aqueles que apoiaram Donald Trump. Quer você tenha votado nele porque ele prometeu esses perdões, ou por algum outro motivo, você sabia que isso aconteceria. E aqui estamos nós”, resumiu o ex-policial Michael Danone, que foi espancado até ficar inconsciente e ameaçado de ser morto com a própria arma pela multidão enfurecida.

Ironicamente, Fanone, que serviu 20 anos como policial, foi um dos que receberam o indulto preventivo de Joe Biden antes de o presidente deixar o cargo. Ele testemunhou diante do comitê do Congresso que investigou a participação de Trump no ataque ao Capitólio.

Num dramático depoimento nesta segunda-feira, Fanone revelou ao âncora Anderson Cooper, da CNN, que teme por sua família: “Seis indivíduos que me agrediram, enquanto eu fazia meu trabalho em 6 de janeiro, assim como centenas de outros policiais, agora andarão livres.”
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