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Por que IA faz Will Smith falar português, mas não tirará atores de filmes

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É inevitável, [a IA é] uma ferramenta que veio para ajudar (...) Se a gente conseguir estabelecer as regras do jogo, vai ser bom para todo mundo
Paulo Barcellos, CEO da O2 Filmes

Os dois lados da moeda

A produtora é a maior da América Latina e responsável por sucessos como "Cidade de Deus", "Cangaço Novo" e "Ensaio sobre a Cegueira".

Barcellos afirma que há usos interessantes de IA no cinema. Por enquanto, ferramentas com essa tecnologia não ameaçam os seres humanos que trabalham com atuação. Mas podem ajudar em casos pontuais.

O exemplo é quando atores morrem antes de as gravações serem finalizadas. Nesse caso, a produtora pode replicá-los digitalmente para concluir o projeto, diz ele. No entanto, é necessário que essa possibilidade esteja prevista, com regras bem estabelecidas.

No caso das dublagens, a situação é um pouco mais complicada, avalia o executivo. A competição é quanto ao que o público vai preferir: a voz do ator emulada por IA em outro idioma ou a dublagem feita por outro ser humano. Em contrapartida, ele acredita que filmes nacionais poderão ter um alcance maior tendo a possibilidade de serem disponibilizados com áudio em inglês.

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De um lado a gente perde, mas, de outro, a gente ganha. São tecnologias que vieram para mudar o mundo mesmo
Paulo Barcellos

Eu duvido que a IA consiga reproduzir o jeito malandro do Dadinho [de Cidade de Deus] falando em inglês ou mandarim
Helton

IA a serviço de atores e atrizes

Outra forma de usar IA é aplicá-la diretamente nas feições de atrizes e atores para torná-los mais jovens ou mais velhos nas telas. Barcellos explica que a prática é antiga, mas foi aperfeiçoada pela IA. A O2 Filmes a utilizou em "Chico Xavier", filme de Daniel Filho de 2010. Alguns figurões do cinema podem continuar atuando mesmo depois de mortos.

Isso muda o que o roteirista pode fazer. Às vezes, você tem vontade de contar um flashback que não foi filmado
Paulo Barcellos

No entanto, a IA não acabou com a morte de atores. Talvez só tenha ficado mais difícil. A sobrevida depende, porém, dos arquivos de voz e imagem disponíveis sobre o ator ou atriz.

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Se for alguém que tem ângulos e material preparado suficientes, acho que é possível reproduzir, via deepfake, e com dublê, essa pessoa no cinema
Paulo Barcellos

Filme com IA? 'Cinema interativo chama videogame'

Em uma de suas previsões, Sam Altman, CEO da OpenAI, disse que o futuro do cinema é se tornar mais interativo, como se fosse um videogame. Barcellos discorda dessa visão.

Cinema é uma experiência passiva, é onde você contempla uma história e não onde você tem que parar e ativar o seu córtex pré-frontal para pensar o que fazer
Paulo Barcellos

Ele acredita que, no futuro, vão surgir ferramentas tecnológicas bastante sofisticadas, sim, mas talvez para mostrar versões diferentes de uma cena ou de um personagem.

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'Cinema é emoção, e vai demorar para IA chegar nisso'

Paulo Barcellos, CEO da O2 Filmes, afirmou que a produtora por trás de sucessos como "Cidade de Deus", "Cangaço Novo" e "Ensaio sobre a Cegueira" usa inteligência artificial em todos os processos. Mas essa tecnologia está longe de ser algo que vai transformar a indústria do audiovisual.

Cinema é atuação, é diálogo, é entonação, close de câmera? O controle no cinema é muito importante (...) São muitas variáveis e a IA não trabalha assim. É uma questão da maneira como a IA generativa funciona, a falta de controle é o padrão
Paulo Barcellos

DEU TILT

Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre as tecnologias que movimentam os humanos por trás das máquinas. O programa é publicado às terças-feiras no YouTube do UOL e nas plataformas de áudio. Assista ao episódio da semana completo.

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