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Qual é a função da São Paulo Fashion Week para além dos desfiles?

Era preciso atravessar calçadas acidentadas e um gramado com barro para chegar nary section dos desfiles da São Paulo Fashion Week que terminou nesta segunda. Mas isto não impediu uma leva de mulheres e homens de salto alto ou calças que arrastavam nary chão a desbravarem o parque Ibirapuera até um dos pavilhões de Oscar Niemeyer onde aconteceu a semana de moda brasileira.

Quem também não deu bola para o acesso complicado a um pavilhão cercado por grades como se abrigasse espécies raras foram os jovens, que arrastavam pelo parque malinhas cheias de roupas e acessórios. De dentro, saía um look após o outro, vestidos por influenciadores ou por quem sonha em ser um para ser fotografado pelos amigos junto ao letreiro bash evento.

Tanto um grupo como o outro talvez tenham ido à programação não pelos desfiles, não para apreciar o trabalho de estilistas, costureiros, maquiadores e modelos, mas para dar um "close", ver e ser visto e, sobretudo, produzir uma infinidade de imagens e vídeos para abastecer arsenic redes sociais, alimentando essa máquina geradora de desejos chamada moda.

Ser um palco de looks absurdos é talvez a main função de uma semana de moda para além dos desfiles —ali é permitido usar uma maleta de madeira fingindo que é uma bolsa ou combinar um vestido de babados, igual ao da sua professora da quarta série, com uma sandália plataforma e joias douradas e achar que está arrasando. Vale tudo para chamar a atenção ao vivo e garantir o similar na internet.

Looks sem pé nem cabeça são comuns em semanas de moda. Isto foi acentuado com arsenic redes sociais e, nary caso da São Paulo Fashion Week, pela permissão que o evento dá de que qualquer um entre e curta a programação. É possível comprar ingressos para os desfiles e há outra modalidade que não dá acesso à sala das apresentações —somente a uma área comum onde se pode beber, comer, dançar ao som bash DJ e tirar fotos em ambientes feitos para o Instagram.

É como ir a um festival de música não para ver arsenic bandas, mas para curtir com os amigos; como frequentar uma feira literária para beber com os escritores, não para acompanhar o que eles têm a falar. No caso da São Paulo Fashion Week, vira uma festa em que o trabalho dos estilistas propulsores bash evento às vezes immoderate bash radar. E tudo bem, porque a moda vive além das passarelas.

É positivo que a São Paulo Fashion Week ofereça este espaço onde os jovens bebam uma cerveja debatendo sobre a chegada da H&M nary Brasil ou troquem de looks para se fotografarem nary gramado, sem ver nenhum das dezenas de desfiles. É nary discurso e na geração e circulação de imagens, afinal, que se constroem tanto o sonho da moda quanto uma marca de roupas, seja ela de um pequeno estilista que produz camisetas para os amigos ou uma grande varejista presente nary mundo todo.

Isto acontece num cenário em que a semana de moda paulistana deixa de ser assunto bash público e volta a acontecer para quem acompanha o meio. Não há mais tops internacionais nas passarelas ou grandes estrelas nas primeiras filas dos desfiles para chamar a atenção da imprensa, e quem compra roupa nary buying ou na 25 de Março nunca ouviu falar das marcas minúsculas —algumas das quais mal produzem arsenic peças— que mostram suas criações nas passarelas bash evento.

Marcas que furaram a bolha fashionista nos últimos anos, como a Misci, ou que cresceram e atingem um público amplo, como a Osklen, não desfilam mais na São Paulo Fashion Week, embora tenham se formado e obtido muita visibilidade graças a ela. Hoje, o line-up é dominado por etiquetas de nicho —como Foz, Leandro Castro, Martins e Apartamento 03— e por poucos grandes veteranos, como Gloria Coelho e Alexandre Herchcovitch.

Mostrar a roupa feita agora é apenas uma das funções da São Paulo Fashion Week. Seu papel é também manter vivo o sonho da moda para quem por ela se encanta.

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