realme 15 Pro: intermediário atrai com superbateria, mas preço desanima

Assim como suas principais concorrentes, a realme também aposta em recursos de Inteligência Artificial (IA) para conquistar o consumidor. O destaque aqui é o "AI Edit Genie", que promete editar fotos só a partir de comandos de voz. Apesar do pacote atrativo, o preço do celular pode desanimar quem está em busca de custo-benefício. Afinal, vale a pena investir no realme 15 Pro? Eu testei o celular por cerca de 15 dias e conto, no review a seguir, minhas experiências com o aparelho.

O TechTudo reuniu, em oito tópicos, os pontos mais relevantes sobre o realme 15 Pro. No índice a seguir, confira todos os assuntos que serão abordados ao longo deste review.

O realme 15 Pro aposta em um design refinado tanto na versão Prata Flowing quanto na Verde Velvet, que recebemos para testes. A traseira do modelo é de vidro com acabamento em “ultracouro 2.0”, um material premium que, nas palavras da realme, "não descasca, não mancha e é durável e macio como seda".

Na prática, a sensação tátil é muito agradável: parece que o celular "faz carinho" na sua mão, tamanha a maciez. Mas, diferente do que afirma a realme, o material é, sim, suscetível a manchas. Se você puser o celular sobre uma superfície empoeirada, como eu fiz durante os testes, as sujeirinhas vão grudar na traseira. A limpeza não chega a ser difícil, mas é um pouco mais chatinha.

Aliado à espessura fina de 7,84 milímetros (mm) e ao peso de apenas 187 gramas, o acabamento também proporciona uma pegada muito confortável, apesar do tamanho avantajado do celular, que tem tela de 6,8 polegadas. Outro aspecto que contribui para o conforto ergonômico é a tampa traseira, criada a partir de um molde único.

Na traseira está o módulo de câmeras, que abriga três anéis protuberantes e dois flashes. Mas, atenção: há apenas duas lentes (wide e ultrawide). Circundando a câmera ultrawide está a "pulse light", um anel luminoso RGB que se acende durante o carregamento (fica verde) e durante as notificações, o que pode ser personalizado pelo usuário. Confesso que achei o recurso mais decorativo do que útil.

Para maior robustez, o realme 15 Pro adota uma estrutura metálica reforçada com múltiplas camadas de espuma interna, que funciona como uma espécie de “airbag” para absorver impactos. Além disso, o smartphone traz as certificações IP68 e IP69, que asseguram proteção contra imersões em até dois metros de água doce por 30 minutos, além de resistência a jatos de água em alta temperatura e pressão.

Além das opções prata e verde, o celular conta ainda com uma terceira versão exclusiva: o realme 15 Pro Game of Thrones Limited Edition. Resultado de uma parceria entre a realme e a Warner Bros, essa edição especial mantém as especificações do modelo tradicional, mas se destaca pelo design inspirado nos elementos mais emblemáticos da aclamada série Game of Thrones. Seu principal destaque é o design termossensível, capaz de mudar de cor quando exposto a temperaturas acima de 44 °C.

A tela é um dos grandes destaques do realme 15 Pro. O smartphone tem um display OLED de 6,8 polegadas e resolução 1,5K (2.800 x 1.272 pixels), configuração que garante cores vibrantes, excelente contraste e alto nível de nitidez. Além disso, a tela é curva, o que reforça o visual premium do celular e me agrada bastante. Por outro lado, esse tipo de display pode quebrar mais facilmente, já que as bordas estão expostas.

Embora não seja um voltado exclusivamente para o público gamer, o 15 Pro combina um painel generoso e de altíssima qualidade com uma taxa de atualização de 144 Hz, que garante animações mais fluidas, maior vantagem em jogos e menor cansaço visual durante longos períodos de uso.

Outro destaque é o brilho máximo de 6.500 nits, um valor impressionante para a categoria e que proporciona ótima legibilidade, mesmo sob luz solar intensa. A tela traz ainda a tecnologia Corning Gorilla Glass 7i, que reforça a resistência contra quedas e arranhões.

O sistema de câmeras do realme 15 Pro chama a atenção por ter três lentes em alta resolução, de 50 MP. Além disso, o smartphone incorpora recursos de Inteligência Artificial (IA) que prometem elevar o padrão das fotografias e vídeos. Veja abaixo como as lentes estão distribuídas.

A lente principal do realme 15 Pro é equipada com o sensor Sony IMX896 e tem estabilização óptica de imagem (OIS). Na prática, ela entrega fotos de alta qualidade, com destaque para o ótimo alcance dinâmico, capaz de equilibrar céus nublados e sombras terrestres sem esforço, e a alta nitidez. As cores são vivas, embora às vezes um pouco artificiais: em alguns momentos, o software tende a saturar os verdes e azuis, entregando uma imagem "pronta para postar", mas que pode soar artificial em paisagens naturais.

Confira fotos tiradas com a câmera principal do realme 15 Pro

1 de 4
Rua de condomínio; foto tirada com câmera principal do realme 15 Pro — Foto: Ana Letícia Loubak/TechTudo

2 de 4
Foto de hortênsia rosa tirada com câmera principal do realme 15 Pro; sistema exagera nos verdes — Foto: Ana Letícia Loubak/TechTudo

4 fotos

3 de 4
Foto de flor branca tirada com câmera principal do realme 15 Pro — Foto: Ana Letícia Loubak/TechTudo

4 de 4
Ana Letícia; foto com câmera principal do realme 15 Pro — Foto: Ana Letícia Loubak/TechTudo

Câmera se destaca pelo alcance dinâmico e alta nitidez, mas às vezes exagera nas cores

À noite, os resultados são mistos. No geral, o modo noturno é competente e faz um bom trabalho na recuperação de sombras, mas às vezes o sistema sofre para controlar os destaques, com aquele efeito de "flare" e rastros horizontais em fontes de luz.

Veja fotos tiradas à noite com o realme 15 Pro

1 de 3
Foto de igreja à noite tirada com câmera principal do realme 15 Pro — Foto: Ana Letícia Loubak/TechTudo

2 de 3
Foto de casa em rua escura tirada com câmera principal do realme 15 Pro — Foto: Ana Letícia Loubak/TechTudo

3 fotos

3 de 3
Foto de rua de condomínio à noite tirada com câmera principal do realme 15 Pro; sistema produz flares nas fontes de luz — Foto: Ana Letícia Loubak/TechTudo

Câmera de 50 MP apresenta resultados mistos em condições precárias de iluminação

Há um toggle para o zoom de 2x, que é um crop, já que o 15 Pro não tem lente telefoto. Aqui, o processamento de imagem ainda tropeça em detalhes. Embora as fotos convençam à primeira vista, em telas pequenas, um olhar mais atento e crítico revela falhas no tratamento das bordas de objetos.

Na foto do dente-de-leão, por exemplo, o celular tem dificuldade em interpretar a profundidade das fibras mais externas, o que resulta em um leve contorno esbranquiçado e em uma transição artificial entre o objeto e o fundo — como se o sensor tivesse “desistido” de separar cada fiapo e aplicado um recorte mais grosseiro na borda.

A mesma inconsistência aparece na foto abaixo, da hortênsia rosa. Observe que, nas bordas da flor, há um halo perceptível que separa o objeto do fundo de maneira artificial — algo que denuncia o recorte computacional e dá um aspecto levemente "esfumaçado" ao entorno das pétalas.

Esses deslizes no mapa de profundidade denunciam o caráter computacional do bokeh e fazem com que o recorte pareça artificial, o que compromete a naturalidade das fotos em cenários mais complexos. Na prática, o algoritmo se perde um pouco na segmentação entre objeto e fundo, criando uma transição que não é nem um desfoque óptico natural, nem uma borda realmente nítida.

A câmera ultrawide, com ângulo de 116˚, se sobressai em meio à concorrência, que costuma equipar seus aparelhos intermediário premium com lentes ultrawide de 8 ou 12 MP. Os registros são nítidos, com ótimo alcance dinâmico e cores consistentes com as da câmera principal. Não há grandes distorções nas bordas.

As selfies do realme 15 Pro são ótimas, com cores mais naturais que as entregues pela câmera principal. Graças à alta resolução do sensor, as fotos têm alta nitidez, e a textura de pele é reproduzida com fidelidade.

Uma coisa interessante sobre o conjunto de câmeras do realme 15 Pro é que ele tem dois flashes — um branco e um amarelado, usado no modo "Déjà vu" do aplicativo. A luz gera um efeito mais retrô, que casa muito bem com algumas composições.

O app também disponibiliza dois efeitos de iluminação, o "Efeito Estrelado" e "Efeito Coração", que adicionam os respectivos formatos às fontes de luz. Apesar de o resultado ser divertido, acho o recurso bem "teen" e pouco usável — estou ficando velha, será?

No quesito vídeo, todas as três lentes do realme 15 Pro são capazes de gravar em 4K a 60 quadros por segundo (fps). Os resultados são muito bons, com alta nitidez, ótimo alcance dinâmico e estabilidade que dá conta de suavizar tremores.

O realme 15 Pro vem com o processador Snapdragon 7 Gen 4, desenvolvido pela Qualcomm. Anunciado em maio deste ano, o chipset tem oito núcleos que alcançam velocidade máxima de 2,8 GHz, clock que garante ótimo desempenho na maior parte das atividades do dia a dia. Além disso, o processador tem litografia de 4 nanômetros, o que garante maior eficiência energética, reduzindo o consumo de bateria sem comprometer a potência.

A versão que recebi para testes da realme tem 12 GB de memória RAM e 256 GB de armazenamento interno, mas há também uma opção com 512 GB, para quem precisar de mais espaço — não há slot para cartão de memória. Nos testes de desempenho, o 15 Pro se mostrou bastante competitivo. Ao rodar o aplicativo de benchmark AnTuTu no celular, o aparelho marcou 1.198.589 pontos. O valor o coloca bem acima de concorrentes como Redmi Note 14 Pro (558.925), e páreo com Galaxy A56 (1.066.261).

Na prática, o 15 Pro teve uma performance fluida em multitarefas, sem travamentos ou engasgos. Também considero a performance do celular bastante estável, já que ele não aqueceu muito mesmo em tarefas mais demandantes, como gravação de vídeos em 4K. Aliás, durante o teste do AnTuTu, sua temperatura subiu apenas 6,1ºC, chegando a 31,7ºC. O resultado se deve ao sistema de refrigeração do celular, que tem uma câmara de vapor de 7.000 mm².

A bateria é um dos pontos mais impressionantes do Realme 15 Pro, que se destaca por oferecer uma capacidade de 7.000 mAh — cerca de 2.000 mAh a mais que muitos concorrentes diretos. Segundo a realme, essa potência garante até 113 horas de reprodução de música no Spotify, 22 horas contínuas de vídeos no YouTube e quase 5 horas de gravação em 4K, uma das tarefas mais exigentes para qualquer smartphone.

Na prática, o celular aguentou muito tranquilamente dois dias de uso moderado. Se a sua preocupação é autonomia, pode relaxar: dá para sair de casa sem se preocupar com carga. Colocando o desempenho do 15 Pro neste quesito em perspectiva, o smartphone estreou diretamente na 11ª posição do ranking de bateria do GSM Arena, superando modelos como o iPhone 15 Plus, o Xiaomi 15 e o Motorola Edge 60 Pro.

Quando chega a hora de recarregar, o realme 15 Pro mantém o alto padrão de desempenho. Com o carregador rápido de 80 W, o celular foi de 0 a 50% em apenas 35 minutos e completou a carga em 1h25. A performance é impressionante, especialmente considerando o tamanho da bateria.

O realme 15 Pro chega de fábrica com o Android 15 sob a interface realme UI 6.0, exclusiva da fabricante. A nova versão traz design renovado dos aplicativos, papéis de parede com profundidade e a opção de separar notificações das configurações rápidas, para uma experiência mais organizada. No geral, a interface é limpa e bastante intuitiva.

Assim como os principais concorrentes, a realme também aposta em recursos de Inteligência Artificial (IA) em sua interface. Aqui, além dos tradicionais Gemini e "Circule para Pesquisar", do Google, um dos principais destaques é o "AI Edit Genie". A solução, própria da realme, chamou a minha atenção por prometer editar imagens, inclusive remover objetos, com comandos de voz. No papel, a ideia é muito boa; na prática, os resultados surpreendem — em diferentes sentidos.

No geral, o celular consegue compreender bem os comandos. Funciona assim: você mantém um botão pressionado enquanto dita o prompt, o celular transcreve o comando e, se estiver tudo certo, você toca na seta para confirmar. Feito isso, a IA começa a "pensar" — como no modo "Raciocínio" do ChatGPT — e editar a foto conforme as suas orientações.

Nos melhores resultados, a foto tem apenas a qualidade um pouco prejudicada, com redução na nitidez e na saturação das cores. No exemplo abaixo, pedi para trocar a cor da faixa do bolo de vermelho para pink, e a vela de número 9 para o número 5. A IA conseguiu atender ao pedido sem modificar meu rosto ou alucinar, e ainda preservou o estilo da vela com brilhinhos.

Neste outro teste, tampei o rosto da minha irmã com um controle remoto e pedi à IA para remover o objeto e reconstruir as feições dela. A imagem final me impressionou bastante pelo nível de fidelidade, apesar de a metade reconstruída do rosto estar bem mais suave. Lembrei dos resultados da Galaxy AI, da Samsung — a melhor suíte de IA que já testei.

Em alguns casos, porém, o recurso alucinou de uma forma bizarra, alterando outros elementos da foto e deformando feições. Foi o que aconteceu na foto abaixo com o rosto da Amanda (dê um zoom para ver bem), após eu pedir à IA para remover o William da imagem.

O realme 15 Pro é um celular com conjunto equilibrado: tem desempenho competente, bateria duradoura e design resistente. As câmeras entregam bons resultados na maior parte dos cenários, ainda que sofram um pouco em situações mais estressantes, com o pós-processamento deixando a desejar no crop de 2x e exagerando na saturação de cores — mas este último ponto é uma questão de gosto.

No Brasil, o realme 15 Pro é vendido apenas na versão mais potente, equipada com 12 GB de RAM e 512 GB de armazenamento interno, por R$ 4.739 na loja oficial da fabricante no Mercado Livre. E aqui reside o principal problema do celular: seu preço. Apesar de o 15 Pro entregar uma ótima experiência no dia a dia, quando fazemos as contas e comparamos o aparelho com outros smartphones do mercado, fica difícil encorajar a compra.

Quem quer um celular intermediário com melhor custo-benefício fará uma escolha mais inteligente ao comprar o Galaxy A56, por exemplo. Com desempenho equivalente e design robusto, mas bateria (5.000 mAh) e RAM (8 GB) menores, o modelo da Samsung sai por R$ 2.048 na versão de 256 GB.

Nota de transparência: o TechTudo mantém uma parceria comercial com lojas parceiras. Ao clicar no link da varejista, o TechTudo pode ganhar uma parcela das vendas ou outro tipo de compensação. Os preços mencionados podem sofrer variação e a disponibilidade dos produtos está sujeita aos estoques. Os valores indicados no texto são referentes a novembro de 2025.