O Estaleiro Rio Grande, símbolo do auge e da crise da indústria naval gaúcha, vive uma nova fase de expectativa: desde a assinatura do contrato entre o Consórcio Maré Nova – formado pelas empresas Ecovix e Green Port – e a Transpetro, em fevereiro deste ano, o local vem se preparando para a construção de quatro navios do tipo Handy Max.
A projeção inicial era de que as obras tivessem início no segundo semestre de 2025, com a contratação de trabalhadores para a construção de quatro navios. Seria um marco na retomada do polo naval. Entretanto, houve atraso no crongrama, e não haverá grande movimentação no local neste ano.
Agora, a nova projeção para o início das obras é em março de 2026. Na primeira semana de outubro, uma comitiva da Transpetro e da Petrobras esteve em Rio Grande, Região Sul do Estado, para inspecionar o estaleiro e acompanhar o andamento da preparação.
No fim do mês, representantes da Ecovix, da Green Port e da Transpetro seguirão à Noruega, onde participarão de reuniões com a Kongsberg Maritime, empresa responsável pelo projeto técnico dos navios. Depois desses encontros, serão emitidos os primeiros desenhos oficiais, abrindo caminho para a montagem das embarcações.
"É um projeto complexo que estamos conduzindo com um time muito qualificado de profissionais nacionais e internacionais, afinando os últimos passos para começarmos a construção", explica Robson Passos, representante do consórcio.
A expectativa é que os trabalhos gerem mais de mil empregos diretos no polo naval de Rio Grande, chegando a 1,4 mil no pico da produção, entre o segundo semestre de 2026 e o primeiro semestre de 2027. Considerando os efeitos indiretos, a prefeitura de Rio Grande estima que o impacto total ultrapasse quatro mil postos de trabalho.
O primeiro navio deve ser entregue até o fim de 2027 e o investimento total aproximado é de US$ 278 milhões (aproxidamente R$ 1,5 bilhão pelo câmbio atual). As embarcações terão capacidade para transportar entre 15 e 18 mil toneladas de porte bruto e serão projetadas para reduzir em até 30% as emissões em relação aos navios atuais da frota da Transpetro.
O novo cronograma difere do divulgado em junho pelo diretor operacional do Estaleiro Rio Grande, Ricardo Ávila, que, na época, previa o início das obras ainda nesse ano.
Para parte dos trabalhadores, a postergação reacendeu a frustração. "O contrato foi anunciado em fevereiro, e até hoje vivemos só de expectativa. Muitos profissionais voltaram para Rio Grande achando que já haveria trabalho, e não há", diz Sadi Machado, tesoureiro do Sindicato dos Metalúrgicos (Stimmmerg).
Segundo Machado, a única atividade em curso é o desmanche de plataformas da Petrobras adquiridas pela Gerdau, com baixo potencial de contratação. "Foi feito barulho, mas quem realmente constrói ainda espera a oportunidade."
O secretário municipal de Desenvolvimento, Inovação e Economia do Mar de Rio Grande, Vitor Magalhães, reconhece a ansiedade, mas acredita que a cidade está diante de uma oportunidade rara de retomada industrial. "Ver o estaleiro voltando às grandes obras é motivador. Nossa prioridade é garantir que o maior número possível de rio-grandinos tenha emprego digno. Estamos em diálogo constante com a Ecovix para facilitar o que for necessário", afirma.
Magalhães explica que a prefeitura articula parcerias para capacitar mão de obra local e organizar rodadas de negócios entre fornecedores da cidade e a empresa, de modo que o impacto econômico vá além da geração direta de empregos. "Queremos que as empresas de Rio Grande também se beneficiem, fornecendo produtos e serviços para o estaleiro com qualidade e preço competitivo. Essa engrenagem é que vai consolidar o retorno do polo naval", acrescenta.
Para a Ecovix, o momento é de consolidação técnica e logística antes da largada. A empresa mantém cerca de 220 funcionários atualmente, focados em ajustes estruturais, configuração de maquinário e preparação das equipes. O cronograma prevê que, à medida que os blocos de produção comecem a ser montados, as contratações cresçam gradualmente até o pico de 2026.
Agora, com o horizonte de novos contratos e a retomada do polo naval, Rio Grande tenta deixar para trás o ciclo de altos e baixos que marcou sua economia na última década. "A indústria naval tem um peso enorme na cidade. Quando ela se move, toda a economia se move junto", resume Magalhães.

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