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Saiba quais investimentos só parecem seguros, como o COE, que caiu 93%

Na coluna de hoje eu explico como reconhecer investimentos que parecem seguros, mas não são, e dou exemplos.

Saiba o que é feito com o seu dinheiro

Uma das características do COE é a complexidade e, consequentemente, a falta de transparência.

Por ser baseado em múltiplas operações de derivativos, o COE é difícil de compreender até para muitos assessores de investimento, que representam as corretoras, e para gerentes, que representam os bancos.

Na prática, muitos assessores e gerentes não entendem exatamente os riscos e apenas repassam para o cliente as orientações gerais que lhes foram enviadas pela instituição financeira. Se a instituição disse que o risco é controlado, o assessor repete tal informação para o cliente.

Com isso, o investidor acaba não tendo como saber qual é o risco real. Para evitar esse tipo de situação, só se deve investir em algum ativo quando você sabe exatamente o que será feito com o seu dinheiro. Para quem pensa assim, o COE nunca é uma opção.

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Entenda quem é responsável pelo seu dinheiro

Em títulos como CDB, LCA e LCI, o responsável por garantir que você receberá o dinheiro conforme o combinado é a instituição financeira emissora.

Quando você investe em um CDB (Certificado de Depósito Bancário), está emprestando seu dinheiro para o banco. Este, por sua vez, pega o seu depósito e empresta para pessoas e empresas. Se esses tomadores não pagarem, a instituição financeira tem a obrigação de lhe pagar de qualquer maneira.

Com LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) e LCI (Letra de Crédito Imobiliária), a lógica é a mesma. Seu dinheiro é emprestado para tomadores do setor imobiliário ou agropecuário. Se eles não pagarem, a instituição emissora do título lhe paga.

Além disso, para esses três investimentos, ainda existe a garantia do FGC (Fundo Garantidor de Crédito), que, no caso de quebra da instituição financeira, reembolsa o que for do direito do investidor, até o limite de R$ 250 mil por pessoa física.

Quando o responsável por lhe pagar é a instituição financeira, o risco fica bem menor.

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Risco é maior quando o responsável é o tomador final

Nos casos em que o responsável por pagar o investidor é o tomador final do empréstimo, o risco é maior.

É o que ocorre, por exemplo, com CRIs e CRAs (Certificados de Recebíveis Imobiliários e do Agronegócio, respectivamente). Quando você investe nesses títulos, torna-se credor de quem está, por exemplo, comprando um imóvel via financiamento. Caso esse tomador não pague, a instituição que emitiu o título não tem nada com isso. Quem perde é você.

Em muitos casos, esses títulos oferecem garantias, como propriedades e equipamentos, que podem ficar com os investidores em caso de insolvência do tomador. Mas você sabe avaliar se a garantia oferecida é boa? Se não sabe, é bom não colocar seu dinheiro ali.

Outro exemplo são as debêntures. Não importa qual foi o banco ou corretora que ofereceu o título: em caso de calote por parte do tomador, o prejuízo é do investidor. Recentemente, debêntures da Light chegaram perder até 80% do valor, após a recuperação judicial iniciada em 2023.

Nem toda renda fixa é de baixo risco

Além dos CRIs, CRAs e debêntures, diversas outras aplicações de renda fixa podem gerar perdas de grande parte do valor aplicado ou até mesmo de todo ele.

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Às vezes aparecem no meu feed do Instagram propagandas dando a entender que precatórios têm o mesmo risco do Tesouro Direto. Dizem algo como: "Investimentos com risco de títulos públicos" e rentabilidade de, digamos, 20% ao ano.

Na verdade, o risco do precatório está na imprevisibilidade da data em que você receberá o valor. Nos títulos públicos do Tesouro Direto, não existe esse problema. Você sabe exatamente qual é a data de vencimento.

Outro exemplo são os empréstimos "peer to peer". Trata-se de uma modalidade de renda fixa em que você empresta dinheiro quase diretamente para o tomador, sem passar por um banco. O intermediário, em geral, é uma plataforma de investimentos online especializada nesse tipo de aplicação. As rentabilidades prometidas são altíssimas. Mas as chances de calote também.

Compare com o juro básico

No fim das contas, vale a máxima: quanto maior a expectativa de retorno, maior é o risco.

Sempre que você quiser saber se uma forma de investimento é arriscada, compare com a taxa básica de juros, a Selic, hoje em 15% ao ano. Quanto mais a rentabilidade de uma aplicação exceder esse patamar, maior tenderá a ser o seu risco. Hoje, eu dificilmente entraria em um investimento de renda fixa com retorno acima de 17% ao ano, especialmente se não tiver proteção do FGC.

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Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.

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