A temporada de remates de primavera no Rio Grande do Sul começou ainda em agosto e terá na Expointer sua grande vitrine antes de seguir pelo interior do Estado até dezembro. A expectativa é de negócios sólidos, liquidez elevada e preços sustentados pelo momento favorável da pecuária, que mantém o agronegócio gaúcho firme em 2025.
As projeções foram feitas durante coletiva de imprensa, nesta segunda-feira (18), na sede da Federação da Agricultura do Estado do RS (Farsul), pelo presidente do Sindicato dos Leiloeiros Rurais e das Empresas de Leilão Rural do RS (Sindiler), Fábio Crespo. Ele ressaltou que a programação da temporada inclui 243 remates de genética de bovinos, ovinos e equinos (14,6% a mais que no ano passado), além de cerca de 1,5 mil eventos comerciais envolvendo diferentes categorias. Nos dois primeiros leilões da temporada, houve liquidez total e preços médios 18% superiores aos praticados no ano passado.
“Isso sinaliza uma etapa promissora para o restante da primavera, mesmo com aumento na quantidade de animais ofertados em relação a 2024”, afirmou.
Somente no Parque de Exposições Assis Brasil, serão 16 eventos entre os dias 30 de agosto e 4 de setembro, enquanto ocorre a 48ª Expointer. Outros dois pregões acontecem nos dias 28 e 29, às vésperas do início da mostra. Mas os negócios seguirão fortes por todo o Estado até o final do ano. Ao todo, serão 70 remates de genética em setembro, 92 em outubro, 45 em novembro e 13 em dezembro.
O presidente da Farsul, Gedeão Pereira, reforçou que, em meio às dificuldades de outras cadeias do agronegócio, a pecuária tem sido o setor mais firme do agro gaúcho.
“Neste momento, quem está segurando o agronegócio é a pecuária. A perspectiva é de uma primavera forte, com bons leilões e preços atrativos, até porque o mercado internacional segue abrindo novas oportunidades para a carne brasileira”, destacou, lembrando negociações em andamento com o Japão – a partir do reconhecimento internacional do Brasil como livre de aftosa sem vacinação –, além da diversificação de destinos já conquistados.
O mercado japonês surge, assim, como uma referência de alto valor para a carne bovina brasileira, especialmente para os estados do Sul. Com uma demanda anual de cerca de 700 mil toneladas, atualmente suprida majoritariamente pela Austrália, o Japão representa uma oportunidade estratégica para a pecuária gaúcha.
O acesso a esse mercado exige atenção à qualidade da carne e aos padrões sanitários, aspectos nos quais Rio Grande do Sul e Santa Catarina apresentam vantagens competitivas. Para os produtores, isso reforça a importância de investir em genética, manejo e eficiência, garantindo produtos diferenciados capazes de atender às exigências de consumidores internacionais sofisticados.
Consultor técnico da Farsul, o agrônomo José Fernando Piva Lobato fez uma análise da evolução genética nos rebanhos gaúchos e comparou com o exemplo da Nova Zelândia. Segundo ele, os rebanhos ovinos neozelandeses se consolidaram no cenário internacional com base em programas de melhoramento genético consistente, e o Brasil poderia trilhar caminho semelhante, fortalecendo a competitividade da carne e da lã brasileira. Lobato reforçou ainda que há espaço para crescimento da ovinocultura no RS, especialmente em raças de genética diferenciada, com forte demanda de Santa Catarina e Paraná, estados livres de barreiras sanitárias.
Além dos ovinos, a temporada abrange os bovinos de corte e equinos, com procura crescente por reprodutores de qualidade. A expectativa é de que, como a liquidez nas pistas se mantém elevada, e a maior oferta não deve comprometer os preços, refletindo confiança dos produtores.
“O fundamental é a liquidez. O produtor precisa ter segurança de que vai colocar 100% da oferta no mercado, e isso vem acontecendo desde o início da temporada. No ano passado, sobravam entre 20% e 25% da oferta”, afirmou Crespo.
Mercado internacional e desafios regulatórios impulsionam competitividade
Apesar do impacto inicial do tarifaço imposto pelos Estados Unidos à carne bovina brasileira, o efeito foi momentâneo e já absorvido pelo mercado, argumenta o dirigente da Farsul. Gedeão Pereira destacou a entrada do frigorífico Minerva no RS como fator de estímulo, trazendo novas práticas, como contratos no mercado futuro e incentivo à terminação em confinamento, o que contribui para elevar o padrão de acabamento e a competitividade do produto gaúcho.
Além de mercados estratégicos como o Japão, Gedeão Pereira comentou sobre as exigências da União Europeia em relação à rastreabilidade e à origem da carne, previstas na Regulação da União Europeia sobre Produtos Livre de Desmatamento (EUDR). A norma proíbe a importação de produtos provenientes de áreas desmatadas e começará a valer em 30 de dezembro de 2025 para empresas de médio e grande porte, e em 30 de junho de 2026 para micro e pequenas empresas.
Segundo o dirigente, se as regras forem mantidas de forma rígida, o mercado europeu poderá enfrentar escassez de carne, pressionando importadores e produtores brasileiros. Como alternativas, a UE teria de flexibilizar a norma ou o Brasil precisaria adaptar sua legislação para atender às exigências ambientais e de rastreabilidade. A análise reforça a importância de padrões sanitários e de produção diferenciada, nos quais estados do Sul, como Rio Grande do Sul e Santa Catarina, apresentam vantagens competitivas, mantendo-se estratégicos para mercados internacionais de alto valor.
Com esses elementos, o setor projeta uma temporada aquecida, marcada pela confiança dos produtores e pela consolidação do Rio Grande do Sul como polo de genética animal no País. A combinação de maior oferta, liquidez garantida, investimentos em genética e a diversificação de mercados nacionais e internacionais sinaliza um ciclo de remates robusto, capaz de movimentar produtores e empresas leiloeiras até o fim do ano.

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