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Uso frequente de IA pode gastar mais água do que você imagina; entenda

Um estudo da Universidade da Califórnia, divulgado pelo Washington Post em 2024, revelou que gerar um texto de apenas 100 palavras no ChatGPT — o popular modelo de linguagem da OpenAI — pode consumir, em média, 519 mililitros de água, o equivalente a uma garrafa. Segundo os pesquisadores, o problema está no alto consumo dos data centers, que são a espinha dorsal dos sistemas de servidores. A preocupação é que, a longo prazo, esse nível de uso coloque em risco os rumos do desenvolvimento da inteligência artificial.

As fotos que você posta, o filme que vê no streaming e a pergunta que faz para o navegador, tudo é processado e armazenado nesses centros de dados. Que também são ávidos consumidores de energia. Se considerarmos a popularização e o refinamentos de recursos gerados por IA, o consumo alcança contornos ainda mais representativos. Isso acontece porque cada comando inserido no chat requer milhares de cálculos para decidir as melhores palavras ou versões a serem dadas na resposta. Ao realizar os cálculos, os servidores começam a aquecer, e geralmente sistemas de água são utilizados para o resfriamento das máquinas. O custo é alto.

 Reprodução/ Pexels Data Centers especializados em serviçoes de IA consomem mais energia dos que os normais — Foto: Reprodução/ Pexels

Pesquisas tentam mensurar o impacto ambiental

Traduzir os danos ambientais do consumo de água gerado por todo esse sistema não tem sido tarefa fácil para quem se propõe a levantar esses dados: seja pela incipiência das pesquisas ou pela falta de informações divulgadas pelos data centers. A própria pesquisa que sugere o valor de 519 mililitros a cada 100 palavras, divulgada pelo Washington Post e que ganhou notoriedade no último ano, destaca que esse número não é generalizável e que consumo varia de acordo com a localização dos data centres ou pelos seus diferentes sistema de refrigeração.

O consumo de água nos data centers se dá basicamente de duas formas: indireta, quando a energia usada na instalação vem de hidrelétricas, e direta, quando o recurso é usado no sistema de refrigeração do prédio. Há, ainda, dois modelos bastante diferentes de refrigeração, entretanto. Um deles usa uma torre de resfriamento em que a água que passa pelo circuito evapora, criando a necessidade de adição de água pura constantemente ao sistema. O segundo é um sistema de refrigeração de ciclo fechado, em que o uso de água é significativamente menor.

Fato é que data centers que têm a capacidade de treinar, implementar e disponibilizar aplicações e serviços de IA são equipados com circuitos eletrônicos com chips de alto desempenho (como o H100 da Nvidia) que consomem muito mais energia do que os tradicionais.

Com o objetivo de equilibrar o irreversível avanço da IA com a responsabilidade ambiental, algumas empresas tecnológicas anunciaram iniciativas para reduzir o dano causado pelas suas ferramentas. O Google, que vem expandido suas capacidades generativas com o Gemini, comprometeu-se a repor 120% da água que utiliza até 2030, embora um relatório divulgado no ano passado pela Equipe de Sustentabilidade Google, chefiada por Kate Brandt, tenha concluído que só conseguiu 18% de reposição até 2023. Essas promessas, embora esperançosas, ficam muitas vezes aquém da dimensão do desafio.

Um projeto recente brasileiro, no entanto, pode ser animador. Há a previsão, na recém-aprovada lei de fomento à IA aprovada em Goiás, do uso de biometano para produção de energia para data centers. Essa via, de energia renovável, é classificada como intermitente, isto é, pode garantir de forma constante a energia que esses centros de dados demandam. Além disso, segundo a ABREMA (Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente), diferente de outras formas de geração de energias limpas, como turbinas eólicas e painéis solares, a cadeia de biometano é totalmente nacional e, portanto, não tem a necessidade de importação, algo que facilitaria ainda mais o aproveitamento desse tipo de tecnologia de produção energética.

Essa matéria faz parte da iniciativa #UmSóPlaneta, união de 19 marcas da Editora Globo, Edições Globo Condé Nast e CBN. Conheça o projeto aqui 👈

 Divulgação/Um Só Planeta Um Só Planeta atualizado — Foto: Divulgação/Um Só Planeta

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