A air fryer é mesmo saudável? Veja a opinião de especialistas

Apesar da air fryer ter conquistado a preferência dos consumidores por facilitar a tarefa de preparar as refeições, ainda existem questionamentos sobre os possíveis impactos na saúde dos usuários. Para nos auxiliar na tarefa de trazer as orientações corretas para você, contamos, ainda, com as orientações das nutricionistas Luana Limoeiro e Nathália Delvaux, presidente e tesoureira do Conselho Regional de Nutrição 4ª Região - RJ-ES (CRN-4), respectivamente, além de conselheiras da instituição. Dessa forma, abordaremos os seguintes tópicos nesta matéria:

Preparar os alimentos na air fryer pode ser uma opção mais saudável, uma vez que, em geral, não é necessário usar muito óleo ou outro tipo de gordura no processo de cozimento. Além disso, principalmente nos casos de diferentes tipos de proteínas, o excesso de gordura é liberado e fica armazenado no fundo da cuba, tornando aquele preparado menos calórico e, consequentemente, mais saudável.

No entanto, é importante compreender que o conceito de saudável está diretamente ligado à qualidade do alimento a ser cozido no aparelho, o que significa que comida processada e ultraprocessada, por exemplo, não deixa de ser prejudicial ainda que seja preparada na fritadeira de ar. Segundo as nutricionistas Luana Limoeiro e Nathália Delvaux, a air fryer pode ser considerada uma alternativa mais saudável de preparo se comparamos com o método de fritura por imersão.

"No entanto, existem alguns riscos à saúde que podem estar relacionados a esse método de preparo, dependendo do alimento e da forma de cozimento", explicam Luana e Nathália. Essa preocupação inclui desde o tempo ideal de preparo da refeição até a maneira correta de higienizar o eletrodoméstico.

O sistema de circulação de ar quente da air fryer promove o cozimento dos alimentos por igual e com pouco ou nenhum uso de óleo, o que resulta em alguns preparos menos gordurosos. Isso, no fim das contas, representa para o usuário um consumo menor de calorias, especialmente se comparado ao método de fritura por imersão, em que o alimento fica praticamente mergulhado em grande quantidade de óleo.

De acordo com as nutricionistas Luana Limoeiro e Nathália Delvaux, a redução de calorias das refeições preparadas no eletrodoméstico pode chegar a 80% em relação à fritura convencional. "Uma porção de batatas fritas preparadas na air fryer pode ter 34% menos calorias do que a versão frita por imersão, enquanto cada asa de frango, por exemplo, pode ter até 50 calorias a menos", explicam as conselheiras do CRN-4.

As nutricionistas do CRN-4, Luana e Nathália, afirmam que tanto o forno quanto a air fryer tendem a ser métodos de cozimento mais saudáveis por utilizarem calor seco e não demandarem muito óleo ou qualquer outra gordura. Por outro lado, ressaltam que a fritadeira de ar, além de deixar o alimento crocante, conserva mais os nutrientes "sensíveis ao calor (como a vitamina C) do que um forno, que cozinha por um tempo mais longo".

Já o forno, apesar de versátil, pode comprometer o acesso a alguns nutrientes da comida, como as vitaminas do complexo B, devido à exposição às altas temperaturas e ao processo de cozimento mais demorado. Por fim, também é possível que você precise utilizar um pouco mais de óleo para que o alimento fique mais crocante.

Grande parte do receio das pessoas em relação à air fryer e ao risco de surgimento de cânceres se deve à substância chamada acrilamida. Segundo o CRN-4, por intermédio das nutricionistas Luana Limoeiro e Nathália Delvaux, esse componente é "uma substância química que pode se formar em alimentos ricos em amido, como batatas e pães, quando cozidos a altas temperaturas (acima de 120°C). Embora seja considerada um 'provável carcinógeno' em animais, a ligação com o câncer em humanos ainda não foi conclusivamente comprovada".

Ainda falando de vilões, as moléculas polifluoradas (PFAS) – presentes em revestimentos antiaderentes dos cestos de alguns modelos de fritadeira de ar –, também podem ocasionar problemas de saúde em caso de exposição elevada. Apesar dos diversos estudos, como o artigo publicado pela National Institute of Health, disponível no National Center for Biotechnology Information, apontarem que a sociedade já vem sendo exposta a essas moléculas há décadas, não sendo, então, uma exclusividade das air fryers, a orientação é redobrar a atenção para evitar arranhar ou descascar o revestimento, a fim de não contaminar os alimentos.

Alguns alimentos podem liberar mais acrilamida se expostos a temperaturas superiores a 120°C ou forem tostados e até grelhados, já que o componente é responsável também pelo aspecto "queimado" dos alimentos. Pratos ricos em amido, como pães, biscoitos e batatas, por exemplo, podem produzir a substância com mais facilidade, assim como carnes grelhadas e outros preparados tostados.

"Um estudo mostrou que cozinhar peixes gordurosos (como sardinhas) na air fryer em altas temperaturas pode diminuir o teor de gorduras saudáveis e aumentar levemente os produtos de oxidação do colesterol", reforçam as nutricionistas consultadas. Nesse sentido, para evitar perda de nutrientes e o contato permanente com a acrilamida, a orientação é cozinhar os pratos em temperatura mais baixa e preferir alimentos saudáveis para o consumo.