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Entidades apontam associativismo para recuperação do Vale do Taquari

O associativismo, com a atuação voluntária de centenas de pessoas, e a parceria entre entidades, foram os responsáveis pela retomada dos municípios do Vale do Taquari, conforme balanço realizado pelas entidades ligadas ao comércio e indústria da região. Completados dois anos da primeira enchente, em setembro de 2023, representantes de associações participaram de um painel na Federasul, onde avaliaram a retomada após a enchente, que contabilizou 54 mortes e cerca de R$ 1,3 milhão de prejuízos à época.

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O associativismo, com a atuação voluntária de centenas de pessoas, e a parceria entre entidades, foram os responsáveis pela retomada dos municípios do Vale do Taquari, conforme balanço realizado pelas entidades ligadas ao comércio e indústria da região. Completados dois anos da primeira enchente, em setembro de 2023, representantes de associações participaram de um painel na Federasul, onde avaliaram a retomada após a enchente, que contabilizou 54 mortes e cerca de R$ 1,3 milhão de prejuízos à época.

Vice-presidente regional da Federasul na região do Vale do Taquari, Ivandro Rosa, relatou a busca por resultados, independente do poder público. “Nós não esperamos pelos governos, nós buscamos soluções pelo associativismo, porque é o que realmente tem feito entregas efetivas”, sublinhou. A entidade liderou um movimento de doações que chegou a R$ 1,6 milhão, que possibilitou, através do Instituto Cultural Floresta e do Instituto Ling, beneficiar as cidades, pelo chamado programa Reconstruir RS.

Representando a Associação de Amigos de Nova Roma do Sul, Heleno Pasuch, criticou o Governo do Estado, que sugeriu a construção de uma ponte com um custo de R$ 25 milhões a ser entregue em 15 meses. A Associação construiu uma estrutura  com R$ 3 milhões em 180 dias. Ele lembrou que há um estudo da Ceran (Companhia Energética do Rio das Antas) que aponta a possibilidade de o Rio das Antas chegar a uma vazão de 16.778.000 m³ por segundo, sendo que, na enchente de 2023, o curso alcançou 9.783 m³ por segundo. “O que vai acontecer com o Vale do Taquari se um dia chegar a 11 mil m³ ou 12 mil m³? O que vai acontecer com Porto Alegre?”, alertou, apontando a omissão dos governos.

O presidente da Câmara de Indústria e Comércio (CIC) do Vale do Taquari, Ângelo Fontana, citou a habitação como maior deficiência na região. “Desde 2023, os governos estadual e federal prometeram residências. Só agora os projetos estão saindo do papel”, destacou Fontana, para quem o Estado está amarrado em burocracias. Ao lembrar que a falta de casas provocou uma forte migração de famílias e de trabalhadores (estudo realizado pela Fiergs apontou a saída de 720 mil pessoas, o presidente avaliou que o problema deixou de ser somente a tragédia climática, mas a situação econômica e social do Estado. “É hora de pensarmos no Rio Grande do Sul, superando a grenalização ou (brigas entre) chimango e maragatos. É hora de trabalharmos. Aqui somos todos voluntários, ninguém é ligado a algum governo. E estamos fazendo a diferença”, frisou.

Desde dezembro de 2024, as associações construíram 10 pontes, com R$ 55 milhões. Nesta sexta-feira, serão lançadas outras 54 obras com cerca de R$ 43 milhões , sendo R$ 30 milhões repassados pelo Reconstrói RS e R$ 13 milhões pelos municípios como contrapartida. Os projetos atenderão 29 municípios, prevendo drenagem (R$ 20 milhões), contenções (R$ 10,5) e pontes (R$ 12 milhões). Também será lançada campanha para a construção da Ponte dos Vales, que conecta Estrela, Cruzeiro e Lajeado. É a única ponte que conecta a BR-386 e a RS-287, garantindo rota de desvio em caso de acidentes, enchentes ou bloqueios, beneficiando não apenas duas cidades, mas todo o Vale do Taquari, Vale do Rio Pardo, a Serra e até o Planalto e Missões.

Como prevenção de novos acidentes, os dirigentes acreditam que iniciativas que minimizem os efeitos climáticos, como é feito em cidades como São Paulo, que criou barragens nos afluentes, através de pequenas centrais hidrelétricas, ou a construção de piscinões.

Para o presidente da Federasul, Rodrigo Sousa Costa, a tragédia trouxe como legado as virtudes e os valores morais de pessoas que voluntariamente arriscaram a vida para salvar desconhecidos, “Nessa crise de valores morais que o Brasil está vivendo hoje, com incentivo ao ócio no lugar do trabalho, o vício em lugar da virtude, o meio fácil do jogo no lugar da superação pelo sacrifício, o maior legado que o Vale do Taquari, a Serra e o Nordeste possam dar como retribuição ao Brasil é esse resgate de virtudes, de valores morais”, destacou.

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