A agenda de desenvolvimento econômico do Rio Grande do Sul, especialmente, no pós-enchentes, foi o tema central do evento BuyRS, que reuniu lideranças empresariais, governamentais, representantes de entidades e do setor público no Instituto Ling nesta terça-feira (9). Nos painéis, temas como a captação de investimentos para o Estado e o cenário de atração de negócios foram discutidos por referências setoriais. O encontro foi realizado pela Apex, pela Invest RS e pelo Jornal do Comércio.
Apresentando uma consolidação de dados de diversas fontes, a gerente de Dados da Apex, Paula Orrico, destacou o Rio Grande do Sul como uma “onça brasileira”. Ou seja, um estado atrativo para os investimentos e o desenvolvimento econômico. Isso estaria demonstrado, entre outros fatores, pela participação de 6% no produto interno bruto (PIB) brasileiro — o que o coloca como o quinto maior PIB entre os estados brasileiros — e a atração de aportes de peso, como o da Scala Data Centers, em Eldorado do Sul, o da CMPC, em Barra do Ribeiro, e o do Tellescom Semicondutores, em Cachoeirinha.
Paula acrescentou a isso outros indicadores que demonstram o potencial do Estado. Além de ter como capital a cidade de Porto Alegre, a 4ª mais competitiva do País, o Rio Grande do Sul também apresenta dados positivos em geração de postos de trabalho e possibilidades de crescimento. Afinal, é o segundo ente federativo com maior participação da indústria no número de empregos formais. Além disso, é o 4º maior exportador de bens industriais do País.
“É um Estado com diversidade econômica, com um potencial muito forte no agronegócio, uma indústria robusta, área de tecnologia e inovação que é destaque nacional, um turismo de relevância nacional e internacional, com enorme potencial”, avaliou Paula.
Ela ainda considerou como favorável o cenário de infraestrutura energética do Rio Grande do Sul, destacando a predominância de matrizes renováveis em solo gaúcho e a concentração de 30% do potencial de energia eólica offshore do Brasil no RS. Os dados podem ser considerados positivos diante da transição energética que está sendo implementada nacionalmente.
Oportunidades estão em setores diversos
O potencial do Rio Grande do Sul foi pontuado no primeiro painel de debates, mediado pelo sócio da Apex Partners Ricardo Frizera. Nele, debateram as oportunidades de desenvolvimento econômicos o presidente e fundador da Apex, Fernando Cinelli, o presidente da Invest RS, Rafael Prikladnicki, e o diretor-geral da Apex, Pedro de Cesaro.
Entre os temas destacados pelos painelistas está o potencial de captação de investimentos para o Estado, cenário no qual a agência Invest RS tem atuado, com R$ 6 bilhões em aportes potenciais que, se confirmados, poderão gerar 6 mil empregos diretos. Destacando os dados do Anuário de Investimentos do Jornal do Comércio, ele relembrou os R$ 100 bilhões anunciados ou desembolsados em 2024 e exaltou os R$ 70 bilhões já somados pelo painel investômetro até o momento.
“Não sei se chegaremos aos R$ 100 bilhões este ano, mas estamos, obviamente, trabalhando para não apenas chegar, como ultrapassar este valor, fazendo com que cada ano seja melhor que o anterior. Mas (o valor atual do investômetro) é um dado positivo”, analisou Prikladnicki.
Ele pontuou entre as possibilidades de crescimento a atração não apenas de empresas, mas, também, de migrantes ao Estado. “O Rio Grande do Sul tem potencial para atrair moradores. Nós temos o desafio do bônus demográfico, somos um dos primeiros estados a enfrentar a perda populacional”, destacou.
Cinelli, por sua vez, avaliou positivamente a atuação da máquina pública gaúcha para garantir a competitividade do Estado e a ampliação da captação de aportes. Além disso, destacou como grande potencial para o desenvolvimento gaúcho o investimento na verticalização da produção agrícola.
“Quando a gente olha para o tamanho do PIB de toda a cadeia do agronegócio gaúcho, vemos que ele é forte, mas pode ser mais verticalizado do que é. Temos que debater uma construção de atratividade para poder fazer isso e para termos uma maior agregação de valores no nosso PIB do Estado. Porque esses valores que não estão sendo feitos aqui, são feitos em outro lugar”, analisou o executivo da Apex.
Outras oportunidades foram ressaltadas por Cesaro: o turismo e o investimento em serviços. “Temos um case gigantesco em Gramado e, na área de saúde, um exemplo é em Porto Alegre, onde temos um dos melhores hospitais do mundo”, acrescentou.
Para ele, um ponto positivo recente no desenvolvimento econômico foi a ampliação das parcerias público-privadas e privatizações no Estado. “Acho que era um tabu que está sendo superado”, avaliou.
Como desafios, os painelistas comentaram as dificuldades logísticas do Estado, o que também consideraram como uma oportunidade.
As manifestações foram endossadas pelo secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Ernani Polo, que foi convidado a finalizar as falas do painel. Além disso, ele acrescentou que, nos últimos anos, pôde ser retomada a capacidade de investimentos públicos no Rio Grande do Sul.
Leite destaca ajuste fiscal e retorno de investimentos
O governador Eduardo Leite (PSD), em consonância com seu secretário, relembrou o aporte histórico da CMPC que puxou os números de investimentos de 2024. O ano passado, aliás, foi relembrado por ele pelo fato de ter sido o que mais somou aportes no Estado. Fato que, para o chefe do Executivo gaúcho, só foi possível em virtude da retomada do equilíbrio fiscal do Piratini.
“O Estado conseguiu se liberar de amarras que eram como uma bola de ferro que nos limitavam. A partir do programa de reformas e todo o resto, isso nos trouxe para uma condição de retomada de investimentos e prestação de serviços que são fundamentais na competitividade”, considerou o governador, acrescentando que, em anos anteriores, a média de investimento anual girava entre R$ 30 bilhões e R$ 40 bilhões.
Ele apresentou, ainda, dados sobre a reforma administrativa proposta pelo Piratini e aprovada pela Assembleia Legislativa no ano passado. Para o governador, isso representou um avanço em termos de equilíbrio fiscal. Outro ponto celebrado pelo chefe do Executivo foi o avanço nos índices de segurança pública.
“Já fomos capazes de superar muitos desafios. Então, quando a gente olha para os problemas que a gente ainda tem, temos a capacidade de olhar com ânimo, com confiança, da capacidade de superar esses problemas e desafios também, porque já fomos capazes de superar tantos outros”, complementou Leite.
Em um pequeno debate, ele ampliou a questão das finanças estaduais, abordando a dívida do Rio Grande do Sul com a União. Nesse aspecto, ele criticou mais uma vez o novo programa de renegociação dos montantes proposto pelo Planalto aos entes federados: o Propag, que deverá substituir o Regime de Recuperação Fiscal ao qual o Estado está vinculado hoje. Para o governador, as condições não são favoráveis ao RS.
Caderno Especial
A cobertura completa do evento BuyRS poderá ser conferida no caderno especial do Jornal do Comércio que circulará na próxima semana.

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