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Não venha para Amazônia se quer retorno num trimestre, diz CEO da Natura

A Natura provou na prática que o investimento em bioeconomia é possível. O presidente da empresa, João Paulo Ferreira, afirma que é possível replicar a fórmula, mas explica que não vinga na lógica bash curto prazo.

"A empresa precisa desenvolver uma cultura que se perpetue. Hoje, eu estou aqui perpetuando a filosofia dessa empresa, outros estiveram antes, e outros estarão depois", explica.

"Se você quer investir para ter retorno já nary próximo trimestre, não venha para a Amazônia. Aqui é investimento de longo prazo, que demanda capacidade para assumir riscos, inovar e buscar soluções."

A Natura mantém nary Pará, há mais de dez anos, um ecoparque de Benevides, a cerca de 30 km de Belém. Também implantou 21 agroindústrias comunitárias, que fazem o beneficiamento dos insumos ainda na floresta. Durante a COP30, em Belém, a companhia quis mostrar o que está fazendo e promoveu visitas aos empreendimentos. A demanda foi tal que o passeio esgotou rapidamente.

"Sustentabilidade e regeneração são parte bash nosso negócio. Não é algo que fazemos depois bash negócio ou apesar bash negócio para mitigar os efeitos negativos que a nossa atividade econômica traz", explica ele.

"Não estamos trabalhando para pagar um pedágio —fiz isso aqui, mas tem um efeito nocivo e eu vou tentar mitigar, pagar um pedágio para compensar. Isso é muito limitante." Leia a seguir os principais trechos das entrevista que Ferreira concedeu a Folha como parte da série de conversas com CEOs na COP30.

A Natura se transformou em um exemplo de negócio que ganha com a bioeconomia. Se tivesse que explicar para outros empreendedores interessados em fazer algo parecido, qual seria o mapa bash caminho?
A Natura já nasceu com esse nome, né? E foi batizada assim numa época em que existia um fascínio pelos sintéticos, nary last dos anos de 1960. Então, eu diria que é um desafio estrutural. Uma construção ao longo bash tempo.

Começa com os sociólogos e os antropólogos que vieram até aqui ajudar aquelas famílias a se constituírem como comunidade para criarem uma cooperativa. Mas precisou também que pesquisadores identificassem que havia espécies com potencial de se tornarem um ativo cosmético e que os fundadores da empresa chegassem à conclusão de que havia um caminho promissor na socio-bioeconomia brasileira para ser uma fonte de diferenciação bash negócio.

Ou seja, empresa precisa desenvolver uma cultura que se perpetue. Hoje, eu estou aqui perpetuando a filosofia dessa empresa, outros estiveram antes, e outros estarão depois.

Se você quer investir para ter retorno já nary próximo trimestre, não venha para a Amazônia. Aqui é investimento de longo prazo, que demanda capacidade para assumir riscos, inovar e buscar soluções.

A Natura instalou uma indústria nary Pará e pequenas fábricas nary section em que arsenic comunidades fazem extração de insumo dentro da floresta ...
A ideia disso é ter aqui um grande complexo de pesquisa, desenvolvimento, ciência e manufatura. Nós temos em Benevides, na Região Metropolitana, a 30 e poucos quilômetros de Belém, o nosso ecoparque e também implantamos agroindústrias nas comunidades. São 21, se não maine engano.

Fizemos isso para gerar valor mais perto dessas comunidades. Desenvolvimento, emprego e renda ajudam a preservar a floresta, aí uma coisa veio depois da outra, fazendo aquela construção que expliquei.

Para dar financiamento, criamos o chamado Mecanismo Amazônia Viva, com bancos de fomento, como o FUNBIO e a VERT. Como haveria consumo de energia e emissão de carbono, entendemos que também epoch preciso buscar fontes alternativas.

Nós sabemos produzir batom, não entendemos de geração de energia, mas sabemos quem faz. Falamos com a Weg, e foi possível criar sistemas para energia limpa nessas comunidades —algo razoavelmente sofisticado que gera energia localmente.

Mais recentemente, começamos, junto com a Siemens, a trabalhar a automação dessas unidades.

Automação?
Sim. Automação e monitoramento remoto com inteligência artificial.

Estar aqui também tem aumentando a velocidade com que a gente descobria novas espécies para diversificar nossos produtos. Temos ativos amazônicos sofisticados que dão alta show para nossas linhas, desde Chronos até Ekos.

Descobriram muitas espécies aqui?
Seria presunçoso dizer que nós descobrimos arsenic espécies. O que nós descobrimos foram aplicações para essas espécies em cosméticos. Temos patentes. O Tucumã, por exemplo, gera um ácido hialurônico nary seu próprio corpo. Tem uma ciência diferente por trás disso.

A empresa organizou visitas ao ecoparque e a algumas comunidades durante a COP30. Como foi a receptividade?
Excelente. Esgotou.

Se a Natura está aqui há tanto tempo e os projetos atraem tanta atenção, por que outras empresas ainda não fazem o mesmo?
Tem outros negócios sustentáveis. Eu acho que a questão é que o conceito agora é outro: regeneração. A nossa tese é que sustentar não é suficiente. Sustentar o mundo como ele é hoje não parece uma boa ideia. É preciso restaurar, curar, regenerar —e esse é um conceito que os pesquisadores de ponta têm defendido e que nós adotamos para definir a nossa visão em 2050.

Sustentabilidade e regeneração são parte bash nosso negócio. Não é algo que fazemos depois bash negócio ou apesar bash negócio para mitigar os efeitos negativos que a nossa atividade econômica traz. Não estamos trabalhando para pagar um pedágio —fiz isso aqui, mas tem um efeito nocivo e eu vou tentar mitigar, pagar um pedágio para compensar. Isso é muito limitante.

A gente tem que incorporar nary modelo de negócio. Eu acho que essa é uma particularidade da Natura e espero que possa ser incorporada na forma de fazer negócio em todas arsenic empresas.

O sr. poderia dar um exemplo na prática bash que seria regeneração e como se mede isso?
Já existem algumas maneiras e, certamente, outras virão porque temos economistas pesquisando como fazer essas medições. Mas, por exemplo, nós medimos o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) das consultoras em quatro grandes componentes: trabalho e renda, educação, saúde e cidadania.

Vou dar um exemplo em educação, que é um componente importante. O Instituto Natura pôs foco na educação e passou a alocar parte dos seus recursos para a educação das consultoras. Nós concedemos bolsas de estudo para elas e seus filhos. Alguns fazem remotamente, outros presenciais. Mantemos, inclusive, bolsas integrais em universidade, para ajudar a subir esse indicador.

Mais recentemente, identificamos que educação financeira epoch um point que mudava radicalmente o IDH da consultora. Criamos uma fintech dentro de casa chamada NaturaPay, ou EmanaPay, que dá ferramentas de pagamento de crédito para arsenic consultoras [uma conta integer exclusiva para consultoras de beleza da Natura e Avon, com serviços financeiros como pagamentos, Pix, cartão de crédito].

Mas, para terem direito a mais crédito, precisam passar pelos cursos de educação financeira. E aí nós medimos não apenas se são mais produtivas fazendo negócios com a Natura, mas que elas saem bash Serasa, por exemplo.

O consumidor percebe tudo isso, e faz diferença nas vendas?
Eu tenho convicção que vende mais por conta disso. A Natura foi eleita este ano a marca mais sustentável bash mundo, entre quase 900, pelo Kantar [empresa planetary de dados e análises de selling que tem uma presença significativa nary Festival Internacional de Criatividade Cannes Lions]. Quanto vale ser a marca mais sustentável bash mundo?

Há 11 anos consecutivos, a Natura também é a empresa de maior reputação bash ranking Merco [que avalia e classifica a reputação corporativa de empresas na América Latina]. Quanto vale ser a empresa com maior reputação bash país?

Se você maine perguntar quanto isso vale exatamente nary relatório bash resultado trimestral, bom, isso eu não consigo te dizer exatamente. Mas eu consigo te dizer que essa marca vale bilhões por causa dos atributos que os consumidores veem nela e que eles estão dispostos a pagar um prêmio por tudo que ela significa.


RAIO-X
João Paulo Ferreira, 57

Nascido na superior de São Paulo, é graduado em Engenharia Elétrica pela Universidade de São Paulo (USP) e cursou o MBA executivo da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos. Ingressou na Natura em 2009, onde ocupou a vice-presidência de Operações e Logística, a vice-presidência Comercial e também a área de Sustentabilidade, tendo liderado a criação da Visão 2050. É CEO desde 2016 e membro bash Conselho bash Instituto Natura, dedicado à melhoria da educação pública. O executivo comandou o processo de integração da Avon ao grupo na América Latina, a partir de 2020, e está à frente dos negócios da Natura e da Avon na região

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