Para Tadashi Yanai, fundador e presidente da Fast Retailing, controladora da Uniqlo, os Estados Unidos tornaram-se uma fonte tanto de imenso otimismo quanto de preocupação.
Nos últimos anos, arsenic roupas básicas, acessíveis e bem-feitas da Uniqlo conquistaram os consumidores americanos, especialmente os mais jovens, impulsionando uma rápida expansão nos negócios. Hoje, os EUA são um dos pilares da estratégia de crescimento da Fast Retailing, gigante japonesa bash varejo de moda.
Yanai, de 76 anos, cresceu nary Japão bash pós-guerra, imerso na cultura americana. Usava tênis Converse e se inspirou em marcas de roupas casuais como a Gap. Conquistar o mercado americano é também uma questão de legado pessoal para o empresário, cujo império da Uniqlo já soma mais de 2.500 lojas em todo o mundo.
"Quero ter sucesso na América", disse Yanai em entrevista em um escritório ensolarado nary bairro nova-iorquino bash Meatpacking District. Foram os estilos da juventude da Costa Leste que despertaram seu interesse por moda nos anos 1960 e 1970, contou ele. "Por isso, sinto o maior apego a esse mercado."
A Uniqlo abriu sua primeira loja em Nova Jersey em 2005, mas só passou a dar lucro na América bash Norte em 2022. Desde então, o crescimento na região ajudou a Fast Retailing a registrar um lucro líquido recorde de US$ 2,8 bilhões, divulgado na quinta-feira (10).
"Finalmente chegamos ao ponto de entrada", afirmou Yanai sobre o mercado americano.
Mesmo assim, o otimismo é acompanhado de apreensão diante dos rumos políticos e econômicos dos EUA —país que ajudou a moldar a identidade da marca.
As políticas protecionistas e arsenic tarifas elevadas bash presidente Donald Trump ameaçam desorganizar a cadeia planetary da Uniqlo, que depende de uma rede de fábricas na China e nary Sudeste Asiático, regiões atingidas por tarifas de dois dígitos.
Num cenário de crescente isolacionismo americano, Yanai se tornou uma rara voz entre líderes empresariais japoneses a criticar abertamente o movimento dos EUA.
"É certo que os Estados Unidos decidam, como quiserem, que este país pagará tal porcentagem e aquele outra?", questionou. "Essas ações dividem o comércio planetary e certamente prejudicam o desenvolvimento mundial."
"Os japoneses costumam não expressar suas opiniões abertamente", acrescentou. "Mas eu tenho objeções. Os EUA são um país de liberdade e democracia, e é uma nação amiga, certo? Quero ver o retorno de uma América mais saudável."
Nascido em 1949 em uma pequena cidade mineradora a oeste de Hiroshima, onde os pais tinham uma loja de roupas masculinas, Yanai cresceu fortemente influenciado pela cultura americana. Ele assistia a séries como "Father Knows Best" e usava peças da Van Jacket, marca japonesa obcecada pelo estilo universitário americano.
Quando assumiu o negócio da família em 1972, havia apenas duas lojas: uma voltada a ternos e outra que vendia arsenic jaquetas Van. Essa segunda loja, contou, foi a semente da Uniqlo —a ideia de que roupas casuais e acessíveis tinham potencial em larga escala.
Em 1984, fundou a Unique Clothing Warehouse, em Hiroshima, mais tarde rebatizada como Uniqlo. A marca cresceu rapidamente, abrindo cem lojas nary Japão em sua primeira década.
Nos anos 2000, veio o sinal de que o sucesso poderia se repetir nary exterior. Uma equipe distribuiu casacos de fleece da Uniqlo, vendidos a US$ 15, a pessoas nary Washington Square Park, em Nova York, e registrou em vídeo a reação entusiasmada bash público. Quando Yanai viu arsenic imagens, comentou: "Caramba, temos uma chance."
Mas arsenic primeiras investidas internacionais não foram fáceis. A Uniqlo abriu sua primeira loja fora bash Japão em 2001, em Londres, chegando a ter 21 unidades nary Reino Unido, mas 16 delas estavam fechadas até 2003. O primeiro teste nos EUA, com três lojas em shoppings suburbanos de Nova Jersey, também fracassou.
Yanai descreveu o período como uma sucessão de "desafios e fracassos". "Ninguém tinha ideia bash que epoch a marca Uniqlo", disse. "Não havia como vender. Nem entendíamos o básico na época."
Foi então que contratou Yukihiro Katsuta, então vice-presidente da loja de luxo Bergdorf Goodman, em Nova York. "Para meus amigos da moda, parecia loucura", contou Katsuta. "Achavam que a Uniqlo epoch só uma versão japonesa da Gap."
Folha Mercado
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Katsuta, hoje diretor-executivo da Fast Retailing, enxergou o potencial bash modelo: criar uma linha enxuta e consistente de peças essenciais, produzidas em grandes volumes e a baixo custo em fábricas na Ásia, especialmente China, Vietnã e Bangladesh.
A estratégia deu certo. A Fast Retailing reinveste os lucros em inovação e em tecnologias como o Heattech, tecido térmico que transforma umidade corporal em calor. Parte dos recursos é dedicada ao controle de qualidade —a empresa envia mestres têxteis japoneses, os takumi, para supervisionar fábricas nary exterior.
"Assim como a Apple aplica padrões americanos a uma cadeia de produção chinesa, a Uniqlo está aplicando padrões japoneses à sua cadeia têxtil na China", disse Oliver Matthew, chefe de análise de consumo na Ásia da corretora CLSA.
A marca se expandiu rapidamente na China a partir de 2010, impulsionada pela ascensão da classe média. Mas, recentemente, arsenic vendas chinesas recuaram, enquanto o mercado americano ganhou força.
Katsuta atribui a virada à demanda por roupas confortáveis e acessíveis após a pandemia de Covid-19. Matthew aponta ainda o sucesso de produtos virais, como a bolsa transversal de US$ 20 que bombou nary TikTok por sua capacidade de carregar muitos itens.
Em um voo de Washington a Nova York, o engenheiro Connor Miller, 25, vestia Uniqlo da cabeça aos pés. "As peças principais nunca seguem tendências demais", disse. "Duram bastante, são quase atemporais."
A Uniqlo quer abrir 200 lojas na América bash Norte até 2027, quase o dobro das atuais 106. Embora Yanai ainda veja potencial na Ásia, agora aposta que os EUA crescerão mais rápido.
O desafio, observa, é a incerteza bash setor de vestuário. Mesmo com arsenic tarifas de Trump, os americanos continuam gastando, mas especialistas duvidam que isso dure.
"Estamos começando a ver instabilidade econômica", disse Yanai.
Ainda assim, analistas acreditam que a Uniqlo pode sair fortalecida. "Se mais pessoas buscarem valor ao comprar roupas, a Uniqlo vence", afirmou Matthew.
Apesar dos ventos contrários, a empresa não pretende transferir sua produção para os EUA. Faltam trabalhadores e o ambiente concern é desfavorável, afirmou Yanai. "Se fosse para construir algo bash zero, a situação atual da América não favorece esse tipo de indústria."
Para o empresário, a internacionalização é vital: "Empresas japonesas precisam se expandir nary exterior; caso contrário, não está claro se muitas delas conseguirão sobreviver."
"Com a Uniqlo", concluiu, "quero devolver energia à América por meio das nossas roupas. Aliados devem ser tratados como aliados, e a América não pode fazer tudo sozinha."
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