O Rio Grande do Sul no cenário global e na história e os desafios para que o estado volte aos patamares de desenvolvimento de cinco décadas foi o tema do empresário Astor Milton Schimitt, durante reunião-almoço da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha no RS (AHK Porto Alegre). “O Rio Grande do Sul é um dos estados que mais investe em tecnologia e inovação, que são alavancas para o desenvolvimento”, destacou, em palestra para empresários gaúchos.
Continue sua leitura, escolha seu plano agora!
O Rio Grande do Sul no cenário global e na história e os desafios para que o estado volte aos patamares de desenvolvimento de cinco décadas foi o tema do empresário Astor Milton Schimitt, durante reunião-almoço da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha no RS (AHK Porto Alegre). “O Rio Grande do Sul é um dos estados que mais investe em tecnologia e inovação, que são alavancas para o desenvolvimento”, destacou, em palestra para empresários gaúchos.
Schimitt vem atuando em associações, mercado de capitais e governança corporativa em grandes empresas, como diretor corporativo e conselheiro na Randoncorp, além da Marcopolo. Durante o evento, o presidente de honra da AHK, Everton Oppermann destacou a expertise do convidado na Serra gaúcha, tendo passado por diferentes instituições na região de Caxias do Sul. “Nós o desafiamos a falar sobre um tema muito caro para a AHK, Desafios e Reconstrução do RS”, destacou. Ao Jornal do Comércio, o empresário avaliou o panorama e quais as possibilidades de reposicionarmos no cenário nacional
Jornal do Comércio – O senhor é um ativista pelo desenvolvimento da Serra. Como a região recebeu as notícias de inícios das obras do Porto Meridional, em Arroio do Sal, e do aeroporto de Vila Oliva, em Caxias?
Astor Schimitt – Evidentemente, de forma muito positiva. São inciativas que geram muita expectativa na nossa comunidade. É uma expectativa regional. No Rio Grande do Sul, a indústria de transformação está 70% localizada em um raio de menos de 200 quilômetros, na Região Metropolitano, Serra, Vales dos Sinos e Taquari. O porto e o aeroporto são extremamente importantes para nós.
JC – Os investimentos nos aeroportos de Torres e Canela também impactarão?
Schimitt - Sem dúvida, eles contribuem e contribuirão. Mas, dada a expressão econômica da da Serra, o potencial e a dimensão de Vila oliva é diferenciada. Nossa expectativa é de que seja um equipamento que absorva passageiros, cargas e tráfego internacional, como uma alternativa ampla ao Salgado Filho que nos deixou a amarga lição do isolamento com a tragédia da enchente. Nós, entusiasticamente, defendemos Vila Oliva, mas não desconhecemos a importância estratégica para a região das Hortênsias, mesmo que seja uma operação ainda menor, e para o Litoral Norte, que carece desse tipo de equipamento, principalmente se considerarmos o turismo.
JC – Como o senhor avalia o momento do Rio Grande do Sul?
Schmitt - Qual era a cara do Estado nos anos 70 ou 80, e como estamos hoje? Fomos o celeiro do Brasil, a indústria do charque alimentava o país, tivemos uma corrente de imigração muito bem-sucedida. Tínhamos uma infraestrutura diferenciada, com uma das melhores redes de rodovias do país e uma rede ferroviária altamente capilarizada, com 8 mil quilômetros. Saíram daqui ministros e presidentes. O que restou? Hoje o Estado tem uma receita consolidada de R$ 45 bi, uma dívida de R$ 100 bi e R$ 30 bi em precatórios. Temos 21% de idosos, perante uma média nacional de 16%. Temos um alto grau de evasão de capital humano. Entre os anos de 2000 a 2022, perdemos 700 mil trabalhadores, enquanto que Santa Catarina recebeu 1 milhão. É humilhante. O RS tem os custos de logística mais elevados do país pela nossa falta de infraestrutura, carências de estradas, ferrovias, portos. Santa Catarina tem 440 quilômetros de costa e tem 6 portos e um em construção, nós apenas um em 600 quilômetros.
JC – Quais os desafios para o Estado se desenvolver?
Schimitt – A indústria é o grande multiplicador de riqueza. A cada real investido, há um retorno de até 2,70. Temos grandes oportunidades que o cenário mundial nos propõe, principalmente em função das mudanças climáticas. Temos imensas oportunidades no agro, em um mundo que vive o problema da segurança alimentar. Temos fontes inesgotáveis na área de energias limpas e renováveis. O sequestro de carbono será, no futuro, muito mais bem pago que o petróleo. A despeito de todos os seus problemas, o Rio Grande do Sul, certamente puxado pela iniciativa privada, é um estado que investe muito em inovação e pesquisa. Participamos com 6,5% no PIB brasileiro e o RS consome algo como 23,5% dos recursos da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos, do Ministério da Ciência e Tecnologia). Isso significa que apostamos em uma área que gera desenvolvimento. São grandes oportunidades para as quais temos que abrir os olhos.
JC – Há cerca de um ano, o senhor disse temer que Caxias se transformasse em uma nova Detroit. Esse perigo está afastado?
Schimitt - No momento, Caxias vai bem, muito bem. Até setembro deste ano cresceu 7,5%, duas vezes mais que o Brasil. Na geração de emprego, no pós pandemia, gerou mais de 25 mil empregos formais. Mas, se lançarmos um olhar para a área estratégica e estrutural, percebemos que as grandes empresas caxienses têm investido em outros estados e em outros países. É geração de riqueza que muda de endereço. Temos dificuldade de atrair investimentos relevantes, como foi o caso de Guaíba, com a CMPC, e Gravataí, com a GM. Santa Catarina atrai e consegue processos de desenvolvimento bem mais acelerados porque tem estrutura. O imenso e inaceitável custo logístico afasta investimentos. São preocupações de longo prazo que devemos ter. Quando usei a referência a Detroit, quis dizer que aquilo era o centro da cadeia automotiva mundial, nos anos 80, mas sofreu com a concorrência japonesa e a não renovação de investimentos. Uma cidade que tinha 2,5 milhões de moradores está com 600 mil. É, provavelmente, o maior cemitério de galpões industriais no mundo. Por isso temos a obrigação de lançar um olhar para mais adiante porque o desmonte de uma comunidade econômica importante não ocorre em curto prazo. Pode levar de uma geração ou mais.

German (DE)
English (US)
Spanish (ES)
French (FR)
Hindi (IN)
Italian (IT)
Portuguese (BR)
Russian (RU) 





:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2023/l/g/UvNZinRh2puy1SCdeg8w/cb1b14f2-970b-4f5c-a175-75a6c34ef729.jpg)









Comentários
Aproveite ao máximo as notícias fazendo login
Entrar Registro