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Empresa francesa concluirá nova fábrica de garrafas de vidro no RS em 2024

Dois anos depois do anúncio, a multinacional francesa Verallia prevê inaugurar no começo do segundo semestre deste ano, já com sua capacidade plena de produção, a estrutura duplicada da sua fábrica em Campo Bom.

Com a chamada Campo Bom 2 – em fase final de construção junto à atual fábrica – em operação, a perspectiva da empresa é saltar de 600 mil para 1,3 milhão unidades de embalagens de vidro produzidas por dia na unidade gaúcha. No Rio Grande do Sul, estão concentrados 40% da produção da Verallia no Brasil. A empresa também tem unidades em Minas Gerais e São Paulo.

Será a finalização de um investimento, antes projetado em € 80 milhões, mas que, de acordo com o diretor-geral da Verallia para a América Latina, Quintin Testa, chegará a € 100 milhões – cerca de R$ 532 milhões. Deste valor, já foram executados 60% (R$ 319,2 milhões) e, neste ano, a instalação da fábrica ainda demandará o desembolso de R$ 212,8 milhões.

"Neste momento, estamos na fase das obras civis. Todos os novos equipamentos já foram comprados no último ano e estão previstos para chegarem ao Brasil em breve. Aí, teremos todo o processo de montagem da nova fábrica e a entrada em operação", explica o diretor.

A empresa está em contagem regressiva para concretizar o investimento. Com isso, abastecerá o mercado interno que, carente do produto, passou a comprá-lo do exterior. Testa define o movimento como uma enxurrada de importações de garrafas de vidro pelo setor de bebidas alcoólicas.

Após a crise de desabastecimento de embalagens de vidro, agravada durante a pandemia, o setor foi bastante beneficiado por isenções nas importações.

Agora, aponta o diretor da Verallia, este é o fator de maior preocupação no mercado para quem produz as garrafas no País. "Praticamente toda a nossa produção em Campo Bom é destinada ao setor de vinhos e outras bebidas alcoólicas do Sul. E, nessa região, temos enfrentado muita dificuldade com os produtos entrando principalmente a partir de Santa Catarina", explica.

Com benefícios concedidos pelo Estado, por meio do Fundopem, a Verallia, que é líder no setor na Europa e a terceira mundial de embalagens de vidro, pretende gerar 140 empregos diretos na nova unidade em Campo Bom.

Tecnologia limpa atraiu White Martins para o município

O coração de uma fábrica de embalagens de vidro é o seu forno. É ali que as matérias-primas são processadas em alta temperatura para tomarem a forma da embalagem. E é justamente neste ponto que a nova fábrica em Campo Bom tem o seu diferencial. De acordo com Testa, a tecnologia aplicada no forno da nova unidade é a mais avançada da empresa no país, denominada HeatOxi.

"É uma tecnologia de vanguarda, que nos permitirá produzir mais, com redução em pelo menos 20% das nossas emissões de CO2. É um processo novo, que envolve o uso de oxigênio líquido quente na produção", aponta o diretor.

A inovação acabou atraindo para a cidade do Vale do Sinos outro investimento milionário. A fornecedora White Martins ergue, dentro do complexo industrial da Verallia, uma fábrica para garantir a carga de oxigênio necessário ao novo processo produtivo.

A empresa não se manifesta sobre o projeto e os valores investidos nesta unidade, mas a previsão é de gerar outros 100 empregos. Será a terceira unidade industrial da White Martins no Estado. A perspectiva é de que entre em operação também no início do segundo semestre.

Com tamanho aporte para garantir um sistema com redução de emissões mais eficaz, a atual unidade da Verallia, que já opera em Campo Bom desde 1989, ainda como Vidraria Sul Brasil, também recebeu investimentos no ano passado para avançar. Foram € 10 milhões (R$ 53 milhões) investidos na reforma do forno, com a revisão total da estrutura e a presença de um filtro eletrostático.

"Mas o forno da nova unidade é somente uma das partes deste grande investimento. Em toda a estrutura, também investimos no tratamento térmico das garrafas, no empacotamento e no transporte. E ainda, na nossa estrutura de recebimento de cacos de vidro, que é uma das nossas prioridades futuras", diz o diretor.

Economia circular passa pela reciclagem do vidro

O uso de cacos, ou seja, vidro coletado e tratado para reciclagem, ainda não representa maior economia na produção de embalagens de vidro. Isso porque, enquanto na Europa 95% das embalagens são encaminhadas para a reutilização, no Brasil, este índice não chega a 30%. Com baixa oferta, o preço não é suficientemente competitivo.

A vantagem atual está na produção mais limpa. Com cacos como matéria-prima de novos vidros, há redução da demanda de outros elementos e também do uso de energia para essa produção. A estimativa é de que, a cada 10% de cacos de vidro usados para produzir uma nova garrafa, por exemplo, se reduz em 5% a emissão de CO2 na produção.

"Descarbonizar a nossa produção é um dos principais objetivos mundiais da Verallia", explica Quintin Testa.

Por isso, está em plena implementação o programa Vidro Vira Vidro, capitaneado pela empresa em todo o País, e que, no Rio Grande do Sul, a partir de Campo Bom e Novo Hamburgo, pretende espalhar caçambas para a coleta de embalagens de vidro especialmente na Região Metropolitana de Porto Alegre e Litoral Norte.

"São caçambas colocadas nas cidades para coleta voluntária. Todo este material vai para os nossos fornecedores, que fazem a limpeza e vendem os cacos para a Verallia. É um estímulo à produção mais sustentável e à economia circular local", diz Testa.

A meta da empresa é chegar a 24 mil toneladas de vidro coletadas por ano, a partir de 2025, com 1.500 caçambas espalhadas pelo país. Hoje, são 650 caçambas.

Em Campo Bom, o projeto já é um sucesso e chegou, em 2023, a 100 toneladas coletadas.
Atualmente, em toda a sua produção mundial, a Verallia utiliza 55,7% de caco como origem de seus produtos. Até 2030, a meta é chegar a 66%.

Ficha técnica

Investimento: R$ 212,8 milhões (neste ano, o total é R$ 532 milhões)
Estágio: Em execução
Empresa: Verallia
Cidade: Campo Bom
Área: Indústria

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Investimentos em 2023: R$ 372,2 milhões

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