Clima
- Publicada em 31 de Outubro de 2023 às 12:05
Fortes chuvas no início de setembro causaram inundações, destruição e mortes no Vale do Taquari
Marcelo Caumors/Agência Brasil/JC
Luciane Medeiros
Prestes a completar dois meses do ciclone e das enchentes que devastaram o Vale do Taquari e causaram mais de 50 mortes, empresários da região ainda aguardam para receber o auxílio prometido pelo governo federal. A queixa comum é que a liberação dos recursos esbarra na morosidade, prejudicando a retomada das operações e comprometendo a manutenção de empresas e empregos.
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Prestes a completar dois meses do ciclone e das enchentes que devastaram o Vale do Taquari e causaram mais de 50 mortes, empresários da região ainda aguardam para receber o auxílio prometido pelo governo federal. A queixa comum é que a liberação dos recursos esbarra na morosidade, prejudicando a retomada das operações e comprometendo a manutenção de empresas e empregos.
Ivandro Rosa, presidente da Câmara de Indústria e Comércio (CIC) do Vale do Taquari, reclama que o governo federal anunciou muitas medidas que não foram implementadas ainda. “Preocupa por demais essa morosidade das linhas de crédito. Nós não estamos pedindo recursos a fundo perdido, estamos pedindo linhas de crédito com carência inicial de pagamento para que a gente possa retomar a atividade e aí fazer frente à prestação”, afirma o dirigente.
A linha do BNDES é voltada a empresas com faturamento até R$ 4,8 milhões por ano que estejam inscritas no Simples. A CIC fez um levantamento com empresários das cidades do Vale do Taquari, em parceria com o Sebrae e a Secretaria Estadual de Desenvolvimento, encaminhado aos entes estadual e federal para demandar as linhas de crédito e financiamentos. A entidade pede a ampliação da faixa com direito a acessar o crédito disponibilizado pelo BNDES, o que contemplará empresas de grande porte. É o caso de 14 indústrias da região responsáveis por empregar 8 mil trabalhadores. “Já começam a aparecer os problemas. A Carrer Alimentos teve perdas de R$ 28 milhões e entrou com recuperação judicial. Outras empresas estão buscando linhas de crédito muito caras para conseguir superar esse momento”, exemplifica Rosa.
Álex S. Herold, presidente da Associação Comercial e Industrial de Encantado (ACI-E), também critica a demora para a liberação dos créditos. “Para os empresários atingidos, completando praticamente dois meses do evento climático no próximo dia 5, esse recurso já está fazendo muita falta. O empresário precisa retomar a atividade econômica o quanto antes e sem o apoio dessas linhas, seja para capital de giro ou custeio, fica muito difícil”, avalia.
Segundo Herold, alguns associados já estão mudando o tom em relação às promessas feitas nos primeiros dias após as enchentes, havendo quem não acredite mais que as medidas serão cumpridas. Apesar disso, ele acredita que o governo vai honrar com os anúncios de auxílio feitos, embora reconheça que o tempo da administração pública é diferente das necessidades dos empresários. “O empresário está com a corda do pescoço desde o dia 5 de setembro, quando foi o primeiro trauma, o da catástrofe, da tragédia humanitária. Mas a cada dia 5 a gente tem o segundo trauma, que não deixa de ser humanitário também e tem a ver com a com o emprego e a renda”, lamenta.
Outro problema citado pelo presidente da AIC de Encantado é a falta de capilaridade do programa do BNDES, sobretudo no meio rural. Como os recursos são liberados via Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil, isso representa uma dificuldade para os agricultores, habituados a operar junto com as cooperativas de crédito.
Maneco Hassen, responsável pelo escritório montado pelo governo federal no Vale do Taquari, explica que nesta terça-feira (31) o Banco do Brasil começou a receber as manifestações de interesse de empresas com faturamento até R$ 4,8 milhões por ano para acessarem a linha de crédito do BNDES com juro zero, que abrange R$ 770 milhões no total. A liberação dos recursos começará a partir do dia 3 de novembro. Os agricultores familiares começaram na semana passada a acessar os R$ 330 milhões via Pronaf.
Sobre a demora para a liberação do crédito citada por entidades empresariais da região, Hassen diz que nunca nenhum governo disponibilizou uma linha de crédito em tão pouco tempo e com tamanho volume, de R$ 1 bilhão. “É óbvio que para quem está precisando e passou por uma tragédia cada dia é um dia a mais de sofrimento e o governo tem absoluta compreensão disto, por isso que fizemos o mais rápido possível. Em menos de 60 dias as linhas estão operando”, assegura.
O governo federal disponibilizou mais R$ 100 milhões do caixa do Tesouro para ampliar o Fundo Garantidor do FGI do BNDES e uma nova linha vai abranger empresas com faturamento acima de R$ 300 milhões. “Não será com juros zero mas eles serão inferiores ao que é cobrado no mercado”, afirma.
Governo federal libera R$ 65 milhões para saúde e educação
Na segunda-feira (30), os ministros Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, e Camilo Santana, da Educação, estiveram em Lajeado para a entrega de R$ 65 milhões para a reconstrução das escolas, hospitais e unidades de saúde dos municípios atingidos pelas enchentes no Vale do Taquari. O encontro foi realizado e contou com a presença de prefeitos da região e faz parte de uma série de medidas adotadas pelo governo federal desde o evento climático que atingiu a região no início de setembro.
Cerca de R$ 30 milhões serão direcionados à área da educação na compra de equipamentos para as escolas, como mesas, cadeiras, computadores, aparelhos de ar condicionado e outros materiais. Além disso, serão adquiridos ônibus escolares. Segundo Maneco Hassen, responsável pelo escritório montado pelo governo federal no Vale do Taquari, todos os planos apresentados pelas escolas e municípios para reconstrução foram aprovados.
O restante dos recursos foi repassado à saúde, a 18 hospitais da região também para a compra de equipamentos. “Na Defesa Civil já são mais de R$ 40 milhões aplicados na região em decorrência do terceiro ciclone”, salienta.
Em relação à reconstrução de moradias, o acordo estabelece que cada município entre com a área e o governo do Rio Grande do Sul construa as casas de forma provisória. O governo federal ficou encarregado de construir as residências definitivas através do programa Minha casa, Minha vida. “Já temos 22 áreas aprovadas pelas equipes do Ministério das Cidades e da Caixa Econômica Federal de oito municípios. Três municípios já enviaram os projetos ao Ministério das Cidades e pretendemos ainda em novembro assinar os primeiros contratos para as casas definitivas”, ressalta Hassen.
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