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Fetag quer mais integração entre órgãos oficiais para qualificar assistência

Ao olhar para a história de mais um ano pesado para o campo, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar no Rio Grande do Sul (Fetag-RS) decidiu lamentar menos e focar no futuro. E lá, projeta, principalmente, órgãos como o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e a Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) trabalhando de forma articulada e com a estrutura necessária para assistir o pequeno produtor.

O tema foi um dos mais presentes na coletiva de imprensa de balanço de 2023 e projeção para 2024, realizada nesta quarta-feira (6). A entidade apresentou um amplo plano de trabalho que pretende compartilhar e cobrar adesão ao Estado, à União, aos municípios e às entidades ligadas ao setor.

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“Neste primeiro ano do MDA e da SDR, estamos relevando as dificuldades. Mas vamos cobrar mais eficiência nas ações. Temos vivenciado estiagens, chuva em excesso e, agora, em 2023, pelo menos 11 ciclones registrados pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação. Todos esses momentos causaram prejuízos e dificuldades como atrasos no plantio das culturas. Mas não faremos terra arrasada. Vamos trabalhar para obtermos os melhores resultados possíveis”, disse o presidente da Fetag, Carlos Joel da Silva.

Com atenção máxima às mudanças climáticas, a entidade interpreta os estragos como um sinal de alerta. As perdas estimadas no Valor Bruto da Produção (VBP) da agropecuária gaúcha não realizado desde a safra 2019/2020 chega a R$ 135,8 bilhões, de acordo com a Federação. “Somente em 2023, o montante chegaria a R$ 57,8 bilhões, equivalente a 83% do orçamento do Estado (R$ 70,3 bilhões), ou 92 vezes o total de recursos destinados à agricultura gaúcha (R$ 632,2 milhões), ou, ainda, quase seis vezes o total de crédito rural oficial (R$ 10 bilhões)”, projetou no encontro o engenheiro agrônomo Kaliton Prestes, do Departamento de Política Agrícola.

No balanço do ano, não faltou espaço para a grave crise enfrentada pela cadeia leiteira, que fez o preço médio do litro pago ao produtor cair 25% de janeiro a outubro, conforme dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo. “Percebemos com mais clareza a dificuldade quando o valor do litro de leite ao produtor (R$ 1,92) fica menor que o do quilo da ração animal com 22% de proteína para compra (R$ 2,12), como agora”, destacou o vice-presidente da Fetag-RS, Eugênio Zanetti.

E o recente impasse entre produtores e indústrias fumageiras, após o ajuizamento de uma ação por parte das empresas questionando legislação estadual sobre o local onde deve ser feita a classificação do tabaco colhido, foi um componente a mais nas dificuldades enfrentadas pelo setor. Afinal, as chuvas abundantes em plena safra têm provocado atrasos no plantio em algumas regiões, bem como queda na produção e na produtividade.

Diante desse cenário, a Fetag-RS pretende convocar todos os entes que integram o Comitê Estadual da Agricultura Familiar, criado ainda em 2022, para apresentar suas percepções e propostas de ação, em socorro ao segmento. “Precisamos partir para a ação, discutir ideias e orçamento do Estado e da União para a agricultura familiar. Temos problemas no acesso ao crédito do Pronaf, que destina R$ 14,9 bilhões no Estado. Somente 39% dos agricultores conseguem obter financiamento, enquanto os demais têm dificuldades diversas, principalmente em relação à documentação necessária para contratação”, acrescentou o presidente Carlos Joel da Silva.

Conforme o dirigente, está na hora da implementação de políticas de Estado, e não de governo. “Não podemos criar ou recriar estruturas, secretarias, ministérios voltados à agricultura familiar e vê-las atuando sem articulação, sem aproveitar de forma adequada os recursos disponíveis”.

Para atacar diferentes frentes, como a implementação eficiente da assistência técnica e da extensão rural, o estímulo à pecuária e às agroindústrias familiares, por exemplo, a Fetag está qualificando seus quadros. O objetivo é contar com profissionais capazes de atuar no desenvolvimento de projetos e na interlocução com os governos federal, estadual e municipais, visando o melhor aproveitamento de recursos para implementação das ideias.

“Cerca de 70% dos alimentos nas mesas das famílias brasileiras vêm da agricultura familiar. Esta safra é imprevisível, pois não sabemos ainda quanto foi plantado e, se plantarmos tudo que pretendíamos, ainda assim o rendimento não será pleno. Então, precisamos olhar para a frente e seguir trabalhando”, concluiu Silva.

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