Mas especialistas ouvidos pelo g1 afirmam que o Brasil ainda corre riscos de ser afetado por essas tarifas. Saiba abaixo o porquê.
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O Brasil pode entrar na mira de Trump?
A imposição de tarifas é uma ameaça antiga do republicano para favorecer os EUA e, segundo especialistas, o Brasil ainda corre alguns riscos de sofrer com taxas maiores.
Há temores, por exemplo, de que uma tarifa universal seja implementada. A ideia foi ventilada no final de janeiro pelo secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, segundo o jornal britânico "Financial Times".
A ideia é que essa taxa começasse em 2,5% e crescesse gradativamente ao longo dos próximos meses, dando tempo para que a indústria se adaptasse e os países pudessem negociar com o governo Trump.
“Portanto, aceitar alguma demanda de um setor específico pode ser uma das motivações de Trump para impor taxas e tentar alguma negociação”, completa.
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Brasil tem apenas 1,3% das importações dos EUA
Os especialistas reforçam, no entanto, que o Brasil não tende a estar na lista de prioridades de Trump na imposição de um “tarifaço”. A quantidade de produtos importados do Brasil pelos EUA é bem pequena em comparação com outros parceiros comerciais da maior economia do mundo.
Os últimos dados do Departamento de Comércio norte-americano indicam que o volume de importações do Brasil pelos EUA somou US$ 38,5 bilhões (aproximadamente R$ 225,9 bilhões) no ano passado até novembro. Esse valor representa apenas 1,3% do total de importações do país.
Veja a lista dos principais parceiros abaixo:
De acordo com especialistas, Trump tem demonstrado motivações variadas para impor tarifas, muitas delas visando negociações mais vantajosas para os EUA ou garantindo que outros países se mantenham leais aos norte-americanos.
“Ficou claro que Trump vai usar da ameaça de tarifas para atingir objetivos comerciais e não comerciais. Isso aconteceu com o México e com o Canadá, por exemplo. Todos eles tiveram a ameaça da tarifa e conseguiram um prazo para negociar”, diz Barral.
Na segunda-feira (3), os acordos com os EUA para suspender as tarifas só saíram em troca de que ambos os países se comprometessem a aumentar a segurança e a fiscalização sobre o que passa por suas fronteiras, uma das principais preocupações do eleitorado de Trump.
O Brasil pode sofrer algum impacto econômico?
De acordo com especialistas consultados pelo g1, mesmo que o Brasil não seja diretamente taxado por Trump, o país ainda deve sofrer os efeitos econômicos globais que esse “tarifaço” pode trazer.
Primeiro, a agenda protecionista do republicano, somada à imposição de tarifas, pode aumentar a inflação nos EUA. Se isso acontecer, o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, pode aumentar as taxas de juros para controlar os preços, e assim impulsionar o dólar.
E o dólar mais alto tende a pressionar a inflação no Brasil, o que também pode levar a juros mais altos por aqui.
Além disso, há efeitos mais difíceis de serem mensurados, como a possibilidade de mais produtos chineses (a preços baixíssimos) sendo vendidos globalmente e os impactos disso nas indústrias locais.
“Precisaremos acompanhar de perto quais serão os próximos passos de Trump nesse sentido e se haverá algum avanço na proposta de uma tarifa universal”, conclui Barral.
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