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México, Canadá, UE e China: entenda por que ‘tarifaço’ de Trump não chegou ao Brasil

Mas especialistas ouvidos pelo g1 afirmam que o Brasil ainda corre riscos de ser afetado por essas tarifas. Saiba abaixo o porquê.

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O Brasil pode entrar na mira de Trump?

A imposição de tarifas é uma ameaça antiga do republicano para favorecer os EUA e, segundo especialistas, o Brasil ainda corre alguns riscos de sofrer com taxas maiores.

Há temores, por exemplo, de que uma tarifa universal seja implementada. A ideia foi ventilada no final de janeiro pelo secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, segundo o jornal britânico "Financial Times".

A ideia é que essa taxa começasse em 2,5% e crescesse gradativamente ao longo dos próximos meses, dando tempo para que a indústria se adaptasse e os países pudessem negociar com o governo Trump.

“Essa tarifa universal afetaria o mundo inteiro. E isso ainda poderia trazer um efeito na inflação e nos juros dos EUA, trazendo um fortalecimento do dólar”, explica Welber Barral, ex-secretário do comércio exterior e sócio-fundador da BMJ Consultores Associados.
“Quando olhamos para o passado, vemos muita pressão de diversos setores, especialmente o siderúrgico, que produz um dos principais produtos importados pelos EUA”, diz Lia Valls, pesquisadora associada do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

“Portanto, aceitar alguma demanda de um setor específico pode ser uma das motivações de Trump para impor taxas e tentar alguma negociação”, completa.

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Brasil tem apenas 1,3% das importações dos EUA

Os especialistas reforçam, no entanto, que o Brasil não tende a estar na lista de prioridades de Trump na imposição de um “tarifaço”. A quantidade de produtos importados do Brasil pelos EUA é bem pequena em comparação com outros parceiros comerciais da maior economia do mundo.

Os últimos dados do Departamento de Comércio norte-americano indicam que o volume de importações do Brasil pelos EUA somou US$ 38,5 bilhões (aproximadamente R$ 225,9 bilhões) no ano passado até novembro. Esse valor representa apenas 1,3% do total de importações do país.

Veja a lista dos principais parceiros abaixo:

De acordo com especialistas, Trump tem demonstrado motivações variadas para impor tarifas, muitas delas visando negociações mais vantajosas para os EUA ou garantindo que outros países se mantenham leais aos norte-americanos.

“Ficou claro que Trump vai usar da ameaça de tarifas para atingir objetivos comerciais e não comerciais. Isso aconteceu com o México e com o Canadá, por exemplo. Todos eles tiveram a ameaça da tarifa e conseguiram um prazo para negociar”, diz Barral.

Na segunda-feira (3), os acordos com os EUA para suspender as tarifas só saíram em troca de que ambos os países se comprometessem a aumentar a segurança e a fiscalização sobre o que passa por suas fronteiras, uma das principais preocupações do eleitorado de Trump.

O Brasil pode sofrer algum impacto econômico?

De acordo com especialistas consultados pelo g1, mesmo que o Brasil não seja diretamente taxado por Trump, o país ainda deve sofrer os efeitos econômicos globais que esse “tarifaço” pode trazer.

Primeiro, a agenda protecionista do republicano, somada à imposição de tarifas, pode aumentar a inflação nos EUA. Se isso acontecer, o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, pode aumentar as taxas de juros para controlar os preços, e assim impulsionar o dólar.

E o dólar mais alto tende a pressionar a inflação no Brasil, o que também pode levar a juros mais altos por aqui.

“Com esse vaivém e com as ameaças, Trump acaba paralisando o mundo, tanto nas operações de comércio quanto nas decisões de investimento. O futuro é incerto e isso também causa uma deterioração das expectativas”, diz Valls.

Além disso, há efeitos mais difíceis de serem mensurados, como a possibilidade de mais produtos chineses (a preços baixíssimos) sendo vendidos globalmente e os impactos disso nas indústrias locais.

“Precisaremos acompanhar de perto quais serão os próximos passos de Trump nesse sentido e se haverá algum avanço na proposta de uma tarifa universal”, conclui Barral.

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