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Por que esquecemos boa parte dos sonhos e o que fazer para lembrar?

Sonhos complexos? Depende do momento do sono

É preciso deixar claro, também, que ao longo da noite, temos diferentes estágios de sono e, consequentemente, tipos de sonho distintos.

Aqueles ocorridos no turno inicial do sono, na fase não-REM (rapid eye movement, ou "movimento rápido dos olhos", em tradução livre) tendem da ser menos "complexos" do que aqueles ocasionados durante a fase REM, quando as ondas cerebrais se aceleram, alcançando uma atividade similar àquela que se passa quando estamos acordados.

Nós podemos ter sonho todas as noites, em todas as fases do sono. Só que os sonhos que a gente tende a lembrar mais são os sonhos que acontecem na fase REM, que é a fase mais próxima ao amanhecer. São sonhos mais vívidos, são sonhos que têm um teor mais real.

Os sonhos ocorridos na última fase do sono são os mais "reais"
Os sonhos ocorridos na última fase do sono são os mais "reais" Imagem: IStock

São histórias complexas, muitas vezes repletas de cargas emocionais intensas, enquanto os sonhos da fase não-REM, são muito simples. "As imagens podem chegar a ser uma tela preta", diz Ribeiro. "Acredita-se que sejam sonhos com conteúdo mais primitivo", completa Nunes.

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Além de serem menos intensos, estes sonhos da fase não-REM são menos "recordáveis". As coisas que acontecem no sono não-REM a gente não têm memória no dia seguinte. O sonambulismo, por exemplo, a gente não lembra no dia seguinte, porque acontece aí no não-REM.

Sendo assim, o momento em que despertamos —se durante o sono não-REM ou durante o sono REM— também é um fator determinante para a lembrança (ou não) de um sonho.

Despertar do sono não-REM, sobretudo o sono de ondas lentas que se aprofunda ao longo da primeira metade da noite, costuma gerar relatos de sonho pobres ou mesmo ausentes.

Como se lembrar?

Existe uma técnica recomendada para fazer com que as lembranças do sonho permaneçam na memória do indivíduo em um período que vá além do café da manhã. Consiste em um exercício de auto-sugestão antes de dormir — falar para si mesmo "vou sonhar, lembrar e relatar".

Costuma ser bastante eficaz para gerar abundantes relatos de sonho, desde que a pessoa permaneça quieta na cama ao despertar, buscando apenas rememorar o sonho.

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A noradrenalina: o fator extra

Esforçar-se para lembrar o sonho ao amanhecer pode ser uma maneira bastante efetiva de trazer à tona as lembranças oníricas da noite anterior. Mas há um neurotransmissor determinante para o "esquecimento" dos sonhos: a noradrenalina, que entre outras coisas, está ligada ao sistema de alerta do corpo humano.

Os níveis de noradrenalina são quase nulos durante o sono REM, e esse neurotransmissor é crucial para prestarmos atenção em algo. Quando a pessoa acorda e sai da cama de repente, o influxo de noradrenalina do despertar funciona para reforçar as experiências da vigília e não as do sonho.

Quando aquele sonho bom for embora, antes mesmo de escovarmos os dentes, então, já sabemos a quem culpar.

Fontes: Magda Lahorgue, do InsCer (Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul); Sidarta Ribeiro, neurocientista e biólogo.

*Com matéria publicada em 08/05/2017

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