Prédio destruído em Gaza

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Grande parte de Gaza foi destruída durante a guerra entre Hamas e Israel desde 2023
  • Author, Tom Bateman
  • Role, Repórter da BBC News em Washington (EUA)
  • Há 29 minutos

As propostas são a reviravolta mais radical de posição dos EUA sobre Israel e a Palestina na história recente do conflito — e serão vistas como uma violação do direito internacional.

Trump e seus funcionários tentam fazer parecer que o "reassentamento" permanentemente de todos os palestinos de Gaza é um gesto humanitário, argumentando que não há alternativa para eles, porque Gaza é um "local de demolição".

Segundo a lei internacional, tentativas de transferência forçada de populações são estritamente proibidas, e os palestinos, assim como as nações árabes, verão isso como uma proposta clara de expulsão e limpeza étnica dos palestinos de suas terras.

É por isso que os líderes árabes já rejeitaram categoricamente suas ideias, feitas com frequência crescente nos últimos 10 dias, de que o Egito e a Jordânia poderiam "tirar" os palestinos de Gaza.

Em uma declaração no sábado, Egito, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Catar, Autoridade Palestina e a Liga Árabe disseram que esse movimento poderia "ameaçar a estabilidade da região, arriscar expandir o conflito e minar as perspectivas de paz e coexistência entre seus povos".

Há muito tempo, a direita radical ultranacionalista em Israel deseja expulsar os palestinos dos territórios ocupados e expandir os assentamentos judaicos em seu lugar.

Trump e Netanyahu

Crédito, EPA

Legenda da foto, Trump e Netanyahu deram entrevista coletiva na Casa Branca na terça-feira (4/2)

Desde os ataques de 7 de outubro de 2023 a Israel, esses grupos — cujos líderes já fizeram parte da coalizão de Netanyahu — queriam que a guerra contra o Hamas continuasse indefinidamente, para que Israel restabelecesse em última instância os seus assentamentos na Faixa de Gaza. Eles foram contra o atual acordo de cessar-fogo e libertação de reféns.

Em sua coletiva de imprensa na Casa Branca com o primeiro-ministro israelense, Trump foi além de seus recentes apelos crescentes para que os palestinos em Gaza sejam "realocados" para o Egito e a Jordânia, dizendo que os Estados Unidos tomariam o território e o reconstruiriam.

Quando perguntado se os palestinos teriam permissão para voltar, ele disse que "o povo do mundo" viveria lá, dizendo que seria um "lugar internacional e inacreditável", antes de acrescentar: "e também os palestinos".

O enviado dos EUA ao Oriente Médio, Steve Witkoff, resumiu o tom da Casa Branca, dizendo que Trump "entende do setor imobiliário" — em referência ao ramo de atuação do presidente.

Trump disse que Gaza seria a "Riviera do Oriente Médio".

Questionado sobre se as tropas americanas estariam envolvidas na tomada de Gaza, Trump disse: "faremos o que for necessário".

Suas propostas representam a transformação mais radical na posição dos EUA sobre o território desde a criação do estado de Israel em 1948 e a guerra de 1967, que viu o início da ocupação militar israelense de terras, incluindo a Faixa de Gaza.

Gaza já era o lar de palestinos que fugiram ou foram forçados a deixar suas casas nas guerras que cercaram a criação de Israel.

Eles e seus descendentes constituem a vasta maioria da população de Gaza até hoje.

As propostas de Trump, se promulgadas, envolveriam uma população de mais de dois milhões de pessoas.

As propostas eliminariam a possibilidade de uma futura solução de dois Estados em qualquer sentido convencional e estão sendo rejeitadas pelos palestinos e pelo mundo árabe como um plano de expulsão.

Grande parte da base política de Netanyahu e do movimento ultranacionalista de colonos em Israel defenderão as palavras de Trump, para impedir que "Gaza seja uma ameaça a Israel", como costuma dizer Netanyahu.

Para os palestinos comuns, isso equivaleria a um ato em massa de punição coletiva.