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Quais as bancadas mais à esquerda e mais à direita na Câmara dos Deputados

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A representação de partidos de direita, centro e esquerda nas 277 bancadas temáticas existentes na Câmara dos Deputados é um componente que reflete as principais bandeiras ideológicas das legendas com representação na Casa.

Aborto, tiros e liberdade de expressão são bancadas mais à direita, que reúnem deputados de partidos como o PL, Republicanos, União Brasil e PP.

A esquerda tem presença maior nas frentes que tratam dos direitos LGBTQIA+, combate às desigualdades e reestatização da Eletrobras, em que estão presentes legendas como PT, PDT, PSB e PSOL.

Algumas frentes, como as que tratam do combate às endemias, valorização de agentes comunitários e do sistema de fomento ao financiamento do desenvolvimento, têm equilíbrio no percentual de representação da direita, centro e esquerda.

A partir de quatro métricas, a Folha criou o GPS partidário, que posiciona ideologicamente 28 partidos registrados no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Uma das variáveis que considera se os partidos estão próximos é justamente a probabilidade de integrarem a mesma frente parlamentar.

As outras métricas são o perfil de votação na Câmara, a migração de candidatos entre as eleições de 2020 e 2024 e as coligações formadas para as eleições. A reportagem fez um ranking para estabelecer o nível ideológico das siglas, sendo 1 o máximo à esquerda e 100 o máximo à direita.

A presença de um deputado em uma frente parlamentar reflete suas pautas, que nem sempre chegam à votação no plenário da Câmara, onde pesam interesses políticos das legendas e do governo sobre cada projeto.

Considerando-se apenas o componente da presença em frente parlamentar, o PSDB e o Cidadania, que formam uma federação e se alinham à direita, ficam posicionados mais ao centro.

O PSDB fica nesse espectro por fazer parte de frentes mais ligadas ao centro, como a do Táxi e dos Portos e Aeroportos, enquanto o Cidadania aparece nessa posição por ter integrantes tanto em frentes mais à esquerda, como a da Garantia do Direito à Identidade, e à direita, a Frente Brasil-Texas.

O PP e o Podemos, por sua vez, estão situados no centro no ranking geral, mas atuam em frentes parlamentares mais ligadas à direita. O PP tem participação mais ampla na bancada pelo livre mercado. O Podemos está mais presente na Frente Cristã e em Defesa da Religião.

Votações na Câmara

Nas votações realizadas no plenário da Câmara desde 2023 até 15 de agosto, a movimentação das legendas ocorre no mesmo espectro ideológico em que as siglas estão inseridas.

O PT, partido do governo Lula e segunda maior legenda da Casa, com 68 integrantes, é o mais à esquerda no quesito. Na métrica geral, no entanto, é o quinto mais à esquerda.

Na Câmara, o Podemos, que faz parte do centro, vota mais próximo à centro-esquerda, enquanto em relação a outros componentes fica na centro-direita. O partido tem média de votação mais próxima à do PT do que a de siglas da base, como MDB, PSD, Solidariedade e União Brasil.

O PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro e dono da maior bancada, com 92 deputados, é o partido que vota mais distante do governo, com alguns dissidentes, como João Bacelar (PL-BA), Tiririca (PL-SP) e Junior Lourenço (PL-MA), os parlamentares mais à esquerda da sigla no quesito.

No período analisado, a votação que mais distanciou parlamentares da esquerda e da direita foi a que aprovou o projeto de lei que impede invasores de propriedades rurais de receber auxílios ou benefícios de programas do governo federal, como o Bolsa Família, assim como de tomar posse em cargos e funções públicas.

De autoria do deputado Marcos Pollon (PL-MS), o projeto foi patrocinado pela Frente Parlamentar da Agropecuária, uma das forças mais expressivas da Casa, como resposta às ações do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) no chamado Abril Vermelho.

A proposta que mais aproximou os dois espectros, por sua vez, foi a aprovação de uma lei complementar que autoriza estados e municípios a usar em outras ações de saúde recursos antes destinados ao tratamento da Covid.

VEJA METODOLOGIA USADA NA REPORTAGEM

Como a reportagem coletou e analisou dados; o código está disponível aqui

Fontes para a análise

  • Migração partidária: padrões de mudança de partido entre os políticos a partir de dados de candidatura registrados pelo TSE até 2 de setembro;

  • Frentes parlamentares: participação dos partidos em diferentes frentes temáticas na Câmara dos Deputados neste ano a partir de dados coletados no site da Casa em 29 de agosto;

  • Coligações eleitorais: alianças formadas entre partidos nas eleições de 2024 municipais com dados de candidatura registrados pelo TSE até 2 de setembro;

  • Votações na Câmara: padrão das votações dos deputados de acordo com o partido desde 2023 até 15 de agosto.

Técnicas estatísticas

Para analisar os dados sobre migrações partidárias, frente parlamentares e coligações eleitorais foi aplicada a técnica de Análise de Correspondência para extrair as principais tendências dos partidos. O posicionamento nas votações da Câmara foi obtido por meio do método estatístico da Teoria de Resposta ao Item em conjunto com o método de Monte Carlo, técnica matemática para lidar com dados faltantes, como no caso de deputados ausentes em votações

Classificação

Para cada medida, os partidos foram classificados com base em sua posição relativa. Esses rankings são então normalizados para uma escala de 1 a 100, onde 1 representa a posição mais à esquerda e 100 a posição mais à direita no espectro político. O posicionamento final de cada partido é determinado pela média aritmética simples dos quatro rankings normalizados. Os partidos são então ordenados com base nessa média e categorizados em grupos no espectro político.

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