Ross Ulbricht

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Ulbricht foi condenado em 2015

Há 4 minutos

O presidente dos EUA, Donald Trump, assinou um perdão total e incondicional para Ross Ulbricht, que operava o Silk Road, um mercado da dark web onde drogas ilegais eram vendidas.

Ulbricht foi condenado à prisão perpétua em 2015 em Nova York por lavagem de dinheiro e venda de narcóticos.

Trump postou na plataforma Truth Social que ligou para a mãe de Ulbricht para informá-la de que havia concedido perdão ao filho dela.

O Silk Road — que pode ser traduzido para português como "Rota da Seda" — foi fechado em 2013 depois que a polícia prendeu Ulbricht.

A investigação mostrou que a plataforma vendia drogas ilegais usando bitcoin como moeda, além de oferecer equipamentos para hackear sistemas e passaportes roubados.

"A escória que trabalhou para condená-lo reunia alguns dos mesmos lunáticos que estavam envolvidos na moderna armamentização do governo contra mim", disse Trump em sua postagem online na terça-feira (21/1).

"Ele recebeu duas sentenças de prisão perpétua, de mais 40 anos. Ridículo!", complementou Trump.

Quem é Ross Ulbricht

Ulbricht foi considerado culpado de acusações que incluem conspiração para cometer tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e invasão de computadores.

Durante o julgamento, os promotores disseram que o site de Ulbricht, hospedado na chamada dark web, vendeu mais de US$ 200 milhões (R$ 1,2 bi, na cotação atual) em drogas de forma anônima.

Ele comandava a Silk Road sob o pseudônimo Dread Pirate Roberts, uma referência a um personagem do filme Uma Princesa Prometida, de 1987.

Os promotores disseram que ele também encomendou seis assassinatos, incluindo uma tentativa de matar um ex-funcionário do Silk Road — embora os investigadores tenham ponderado que não havia evidências de que esses crimes foram realmente consumados.

O Silk Road recebeu esse nome inspirado nas rotas comerciais históricas que abrangem a Europa, a Ásia e partes da África.

O site alcançou notoriedade por meio de reportagens na mídia e conversas online.

Mas os usuários só podiam acessar o site pelo Tor, um sistema que permite que as pessoas usem a web sem revelar quem são ou em que país se encontram.

Documentos judiciais do FBI apontam que o site tinha pouco menos de um milhão de usuários registrados, mas os investigadores admitiram que não sabiam quantos estavam ativos.

Ao condenar Ulbricht, que tem dois diplomas universitários, a juíza distrital Katherine Forrest disse que ele "não era melhor do que qualquer outro traficante de drogas".

Ela disse que o site havia sido um "trabalho de vida cuidadosamente planejado" de Ulbricht.

A juíza observou que a longa sentença também servia como uma mensagem a possíveis imitadores, para eles entenderem que uma ação dessas levaria a "consequências muito sérias".

"Eu queria capacitar as pessoas a fazer escolhas em suas vidas e ter privacidade e anonimato", declarou Ulbricht quando a sentença foi anunciada em maio de 2015.

Ulbricht expressou remorso e implorou para não receber uma sentença de prisão perpétua.

"Sei que você deve retirar minha liberdade durante meus anos de meia-idade", ele escreveu, "mas, por favor, me deixe a minha velhice".

Antes que a sentença fosse anunciada, Ulbricht disse à juíza que ele não se considerava uma pessoa gananciosa.

"Eu essencialmente arruinei minha vida e parti os corações de todos os membros da minha família e de meus amigos mais próximos", ele disse.

"Não sou uma pessoa sociopata egocêntrica que estava tentando expressar alguma maldade interior. Eu amo a liberdade. Foi devastador perdê-la.''

Trump deu a entender anteriormente que planejava alterar a sentença de Ulbricht durante um discurso no ano passado, realizado durante a Convenção Nacional Libertária.

O Partido Libertário defendia a libertação de Ulbricht e acreditava que esse caso exemplificava os exageros do governo.

O congressista republicano Thomas Massie, um aliado de Trump, aplaudiu a decisão do presidente.

"Obrigado por manter sua palavra para mim e para os outros que têm defendido a liberdade de Ross", comemorou o representante de Kentucky.

Pessoas seguram cartazes com os dizeres "Libertem Ross" enquanto o então candidato Donald Trump chega para discursar na Convenção Nacional Libertária em Washington, no dia 25 de maio de 2024

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Pessoas seguram cartazes com os dizeres "Libertem Ross" enquanto o então candidato Donald Trump chega para discursar na Convenção Nacional Libertária em Washington, no dia 25 de maio de 2024

O que era o Silk Road?

Como mencionado anteriormente, o site alcançou notoriedade por meio de reportagens na mídia e conversas na internet — mas os usuários só podiam acessar o site por meio do sistema Tor.

O Tor, por sua vez, foi criado pelo governo dos EUA para fornecer anonimato na internet, mas agora é frequentemente usado para mascarar transações ilegais.

Drogas ilegais, como heroína, cocaína e LSD, podiam ser compradas no Silk Road.

O pagamento era feito com a moeda virtual bitcoin, que também é difícil de rastrear.

A plataforma da dark web também oferecia outros produtos, como equipamentos para hackear sistemas e passaportes roubados.

Os promotores que participaram do caso disseram que seis pessoas que morreram de overdose compraram drogas pelo site — e que tais acordos não rastreáveis ​​renderam a Ulbricht pelo menos US$ 18 milhões (R$ 108 milhões).

Nos meses que antecederam a prisão de Ulbricht em uma biblioteca pública na cidade de São Francisco em 2013, investigadores empreenderam um processo meticuloso para juntar os rastros digitais dele.

A busca começou com o trabalho do "Agente-1", que navegou por páginas na internet que datavam de janeiro de 2011.

Ele encontrou uma postagem intitulada Mercado anônimo online?, na qual um usuário apelidado de Altoid começou a divulgar o Silk Road.

Registros descobriram que o blog havia sido criado por um usuário anônimo que havia escondido sua localização.

Mas o usuário Altoid também deu as caras em um site de discussão sobre moeda virtual, chamado bitcointalk.org.

Meses depois, em outubro, Altoid apareceu novamente — mas cometeu um deslize.

Em uma publicação em que buscava um especialista em Tecnologia da Informação (TI) com conhecimento sobre bitcoin, ele pediu que as pessoas o contatassem pelo e-mail rossulbricht@gmail.com.