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Resultado das eleições na Argentina não deve interferir nos planos de integração energética com o Brasil

Com a votação do segundo turno das eleições argentinas se aproximando (19 de novembro), logo será conhecido o novo presidente do país vizinho: o peronista e atual ministro da Economia, Sergio Massa, ou o candidato da coalizão A Liberdade Avança, o ultradireitista Javier Milei. Apesar de perfis distintos, a expectativa é de que prosseguirão as tratativas com o Brasil para o fornecimento de gás de folhelho (também conhecido como gás de xisto) da jazida de Vaca Muerta, independentemente de quem vencer o pleito.

O diretor da MaxiQuim Assessoria de Mercado, João Luiz Zuñeda, salienta que se trata de um assunto político-econômico e que os investimentos deverão sair, mesmo que, no caso de vitória de Milei, eventualmente o diálogo com o governo brasileiro se torne mais difícil. Ele ressalta que o Brasil apresenta uma grande demanda por gás e, por outro lado, a Argentina possui uma enorme oferta.

O consultor detalha que a Argentina tem uma capacidade para produzir cerca de 150 milhões de metros cúbicos diários de gás e metade desse potencial é proveniente de Vaca Muerta. De acordo com o diretor da MaxiQuim, a produção de petróleo e gás está crescendo na Argentina, o que significa que os aportes estão acontecendo. “A chave da questão é como investir mais e mais rápido, porque não se pode esquecer que estamos falando de matéria-prima vinculada ao carbono e o mundo quer descarbonizar”, alerta.

Mesmo com essa perspectiva de o planeta tentar diminuir o uso das fontes fósseis, a Argentina já informou que pretende fornecer para o Chile, antes do final de 2024, até 5 milhões de metros cúbicos diários de gás, no inverno, e mais cerca de 9 milhões de metros cúbicos ao dia, entre os meses de outubro e dezembro. Para Zuñeda, a parceria entre essas duas nações não significa que “faltará” gás para o mercado brasileiro, que é atrativo por causa do seu tamanho. “Vamos comparar com uma loja de carros, tem um cliente que compra um automóvel e outro que adquire uma frota inteira, o Chile é o que compra um veículo e o Brasil é o que quer a frota”, exemplifica o consultor.

Para o Rio Grande do Sul, o gás argentino também desperta interesse, pois uma das possibilidades é de o combustível entrar no País por Uruguaiana. Esse foi um dos tópicos que foram discutidos durante a missão liderada pelo governador gaúcho, Eduardo Leite, à nação vizinha, em julho. O líder do governo do Estado na Assembleia Legislativa, deputado Frederico Antunes (PP), frisa que o gás argentino somente possui duas opções lógicas para chegar ao Brasil: pela fronteira com o Rio Grande do Sul, através de Uruguaiana, ou entrando primeiramente pela Bolívia, para depois alcançar a região de Mato Grosso do Sul.

O parlamentar reforça ainda que o maior consumidor de gás nas proximidades é o Brasil. “E eles (argentinos) precisam exportar esse gás para melhorar suas condições econômicas”, aponta Antunes. O deputado lembra que a Argentina pode decidir exportar o combustível como gás natural liquefeito (GNL), por navios, e atingir destinos mais distantes do que a América do Sul, porém isso significa maiores custos logísticos do que a ligação por gasodutos com nações que ficam mais perto.

Segundo o parlamentar, passada a disputa eleitoral entre Massa e Milei, a questão de um acordo quanto à integração energética entre Argentina e Brasil se tornará mais célere. “Eu acho que isso deverá ser a prioridade para quem ganhar as eleições”, conclui Antunes.

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