Motivo de controvérsia devido ao impacto ambiental que acarreta, o carvão tem no avanço tecnológico um aliado para tentar ganhar mais tempo de sobrevida, pelo menos no Brasil e no Rio Grande do Sul. Dentro desse cenário, uma missão da empresa chinesa JNG, que trabalha com soluções para a captura do CO2 de termelétricas alimentadas com combustíveis fósseis, foi recebida nesta terça-feira (24) por representantes do governo gaúcho, na Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, em Porto Alegre.
Participaram do encontro o secretário de Desenvolvimento Econômico, Ernani Polo, o secretário adjunto da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação, Márcio Madalena, e o secretário adjunto do Meio Ambiente e Infraestrutura, Marcelo Camardelli. A reunião foi fechada para jornalistas de fora do governo, mas em material distribuído pela assessoria de imprensa da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Polo assinala que é preciso "olhar as mudanças climáticas e buscar meios de transformar a indústria. Sendo assim, vamos dar continuidade nessas conversas".
Segundo a CEO da JNG, Jing Luo, a comitiva estrangeira foi bem-recebida e o foco das conversas foi a tecnologia de captura de CO2 e como esse procedimento poder gerar subprodutos como fertilizantes. A executiva ressalta que a matriz elétrica brasileira possui enorme participação de fontes renováveis, como a hidreletricidade e a eólica, no entanto o carvão permite que a energia seja “armazenada”, ou seja, se trata de uma geração firme, que não oscila com se faltar chuva ou vento.
Jing Luo lembra que as mudanças climáticas fazem com que a sociedade pense mais na situação das emissões de CO2. “E por isso eu acho que o uso da tecnologia da nossa empresa seria muito útil no Brasil”, comenta a CEO da JNG. Já o diretor-executivo da GCO Soluções Empresariais e representante da empresa chinesa no Brasil, Giuliano Capeletti, acrescenta que a tecnologia é uma oportunidade para o desenvolvimento econômico e aproveitamento da riqueza mineral do Estado.
Entretanto, a relação do governo gaúcho com o carvão é complexa. Em 2019, em seminário realizado no Plaza São Rafael, em Porto Alegre, o governador Eduardo Leite destacou que o Rio Grande do Sul possui a maior reserva de carvão do Brasil, com aproximadamente 89% do total desse mineral. Ele frisou na ocasião que o desafio era transformar esse potencial gerando emprego e renda, de forma sustentável e sem comprometer o meio ambiente.
O foco, apontou Leite, seria apoiar empreendimentos que utilizassem esse recurso energético de maneira responsável. O governador ainda informou que estudos apontavam que o aproveitamento do carvão poderia incrementar o PIB gaúcho em R$ 23 bilhões, além de gerar R$ 3 bilhões em ICMS e em torno de 7 mil empregos, até 2042, salientando que esses números não poderiam ser desprezados.
Porém, em 2021, quando pretendia lançar seu nome como candidato a presidente da República, Leite, em entrevista para o Flow Podcast, disse que o Estado trabalharia na descarbonização e que deveria avançar no sentido de acabar com a geração a carvão. Um ano depois, ele voltou a afirmar, em missão aos Estados Unidos, que as usinas a carvão no Rio Grande do Sul deveriam ser desativadas gradativamente. Atualmente, são duas termelétricas alimentadas com o mineral em solo gaúcho, a Pampa Sul e a Candiota 3.
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