Crédito, Getty Images
- Author, Steve Rosenberg
- Role, Editor da BBC na Rússia
Há 20 minutos
Quando colocou no papel seu relato de testemunha ocular da Revolução Russa de 1917, o jornalista americano John Reed o intitulou de Dez dias que abalaram o mundo.
Tudo começou com uma conversa telefônica entre os dois em 12 de fevereiro e suas promessas de aproximar a relação.
Continuou com a Conferência de Segurança de Munique e um cisma entre Europa e América.
Foi uma semana que derrubou alianças tradicionais, deixou Europa e Ucrânia em situação desconfortável, levantou temores pela segurança europeia e colocou a Rússia onde ela quer estar: na mesa principal da política global, sem ter feito nenhuma concessão para chegar lá.
Uma imagem dominou os jornais russos de quarta-feira (19/02) de manhã: representantes russos e americanos na mesa de negociações em Riad.
O Kremlin quer que a população russa e a comunidade internacional vejam que os esforços ocidentais para isolar a Rússia por conta da guerra na Ucrânia falharam.
A imprensa russa está acolhendo a perspectiva de laços mais calorosos com Washington e despejando desprezo sobre os líderes europeus e Kiev.
Crédito, Reuters
"Trump sabe que terá que fazer concessões [à Rússia], porque está negociando com o lado que está ganhando na Ucrânia", escreveu o tabloide pró-governo Moskovsky Komsomolets.
"Ele fará concessões. Não às custas da América, mas às custas da Europa e da Ucrânia."
"Por muito tempo, a Europa caminhou toda envaidecida, pensando em si mesma como o mundo civilizado e como um Jardim do Éden. Ela não percebeu que não estava mais com essa bola toda. Agora, seu velho camarada do outro lado do Atlântico apontou isso."
Entretanto, nas ruas de Moscou, não detecto esse nível de entusiasmo.
"Trump é um homem de negócios. Ele só está interessado em ganhar dinheiro", Nadezhda me diz. "Não acho que as coisas serão diferentes. Há muita coisa que precisa ser feita para mudar a situação."
Giorgi tem mais esperança. "Talvez essas conversas [na Arábia Saudita] ajudem", diz. "Já passou da hora de pararmos de ser inimigos."
Para Irina, Trump é "ativo e enérgico", mas ela se pergunta se ele realmente fará alguma coisa.
"Sonhamos que essas negociações tragam paz. É um primeiro passo, e talvez isso ajude nossa economia. Alimentos e outros bens continuam subindo de preço aqui. Isso se deve em parte à operação militar especial [a guerra na Ucrânia] e à situação internacional geral."
Putin e Trump falaram ao telefone; suas duas equipes se encontraram na Arábia Saudita; uma cúpula presidencial é esperada em breve.
Alguns dias atrás, o jornal Moskovsky Komsomolets tentou imaginar o que os dois líderes disseram um ao outro durante o telefonema da semana passada.
Eles chegaram à seguinte versão.
Trump liga para Putin.
"Vladimir! Você tem um país legal e eu tenho um país legal. Vamos dividir o mundo?"
"O que eu estava dizendo o tempo todo? Vamos fazer isso!"
Faz de conta? Vamos ver.
Comentários
Aproveite ao máximo as notícias fazendo login
Entrar Registro