Zuckerberg (à esquerda) compareceu à posse de Donald Trump ao lado de outros chefes ddas gigantes da tecnologia

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Zuckerberg (esq.) compareceu à posse de Donald Trump ao lado de outros chefes das gigantes da tecnologia
  • Author, Emma Saunders
  • Role, Repórter de Cultura da BBC News
  • Há 18 minutos

Jesse Eisenberg, que estrelou nas telonas como o executivo-chefe da Meta, Mark Zuckerberg, no filme de 2010 A Rede Social, disse à BBC News que não quer mais ser visto "como uma pessoa associada a alguém assim".

"É como se esse cara estivesse... fazendo coisas que são problemáticas, tirando a checagem dos fatos", disse Eisenberg ao programa Today da BBC Radio 4. "[Há] preocupações com a segurança. Tornando as pessoas já ameaçadas no mundo ainda mais ameaçadas."

A Meta anunciou em janeiro que não usaria mais verificadores de fatos independentes no Facebook e Instagram, substituindo-os por "notas da comunidade" no estilo do X, antigo Twitter, onde os comentários sobre a precisão das postagens são feitos pelos próprios usuários.

Em um vídeo, Zuckerberg disse que moderadores terceirizados eram "muito tendenciosos politicamente" e que era "hora de voltar às nossas raízes em torno da liberdade de expressão".

Mas Eisenberg disse à BBC News que estava "preocupado".

"Essas pessoas têm bilhões e bilhões de dólares, mais dinheiro do que qualquer ser humano já acumulou e o que estão fazendo com isso?", questionou.

"Ah, eles estão fazendo isso para ganhar o favor de alguém que está pregando ódio."

"É o que eu acho... não como uma pessoa que atuou em um filme. Penso nisso como alguém casado com uma mulher que ensina justiça para pessoas com deficiência em Nova York e cuja convivência com seus alunos vai ficar um pouco mais difícil este ano."

A mudança da Meta ocorreu quando Zuckerberg e outros executivos de tecnologia buscavam melhorar as relações com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, antes de sua posse.

Trump e seus aliados republicanos criticaram a política de checagem de fatos da Meta, como censura de vozes de direita.

Depois que as mudanças foram anunciadas, Trump disse em uma entrevista coletiva que ficou impressionado com a decisão de Zuckerberg e que a Meta havia "percorrido um longo caminho".

Na semana passada, Trump assinou um acordo legal que fará com que a Meta pague cerca de US$ 25 milhões (cerca de R$ 145 milhões).

Ele processou a empresa e Zuckerberg, em 2021, pela suspensão de suas contas após os tumultos no Capitólio em 6 de janeiro.

Indicação ao Oscar

Mark Zuckerberg usando óculos escuros e camiseta preta

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Mark Zuckerberg anunciou o fim da checagem independente de fatos no Facebook e Instagram

Eisenberg está promovendo A Real Pain, que ele escreveu, dirigiu e no qual atua — uma comédia dramática sobre dois primos que viajam juntos para a Polônia para visitar locais históricos do Holocausto para homenagear a falecida avó.

A avó é inspirada em Doris, tia de Eisenberg na vida real, e a obra foi filmada na casa em que a família morava, na Polônia.

No filme, os primos lutam para conciliar seus próprios problemas da vida moderna com o pano de fundo de um dos eventos mais devastadores e horríveis do século 20.

O roteiro de Eisenberg recebeu uma indicação ao Oscar, assim como seu colega de elenco, Kieran Culkin.

"Netos de sobreviventes do Holocausto devem acordar todas as manhãs, sair e beijar o chão por estarem vivos e agradecer a qualquer deus a quem rezem — já que o mundo não queria que eles estivessem vivos", disse Eisenberg ao Today.

Ele disse que "tentou se conectar a coisas maiores" desde que fez o filme.

"Eu vivo em um mundo que parece hedonista, minha vida talvez seja fácil demais."

Ele acrescentou que era essencial que o filme tivesse um toque cômico.

"Seria tão hipócrita se não tivesse qualquer humor."

Eisenberg também foi indicado ao Oscar por sua interpretação de Zuckerberg em A Rede Social.